terça-feira, 30 de abril de 2013

José Emilson, o inimigo nº 1 dos militares

José Emilson (esq.) no programa “Alô comunidade”


José Emilson Ribeiro lutou contra a ditadura, foi preso e torturado em Pernambuco. Após sair da prisão em 1979, adotou a cidade de João Pessoa como seu novo lar. Nos anos seguintes iniciou com outros exilados de várias partes do país uma luta tentando forçar o Governo a abrir os arquivos da época da Ditadura Militar e revelar os locais onde foram enterrados os presos políticos assassinados.

Essa e outras histórias de sua vida agitada ele conta em encontro no programa “Alô comunidade”, edição de sábado, 27. Uma entrevista inquietante, como disse Dalmo Oliveira, um dos entrevistadores.

“Alô comunidade” tem produção e apresentação de Dalmo Oliveira, Fábio Mozart e Beto Palhano. Apoio comunicacional de Fabiana Veloso e Marcos Veloso. Sonoplastia de Maurício Mesquita e Beto Lucas.

Produzido pela Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares em parceria com a Rádio Tabajara da Paraíba AM (1.110)

A gravação do programa pode ser ouvida em:


Adeildo Vieira voltou a Itabaiana para contemplar seu rio e se emocionar com as novas gerações de conterrâneos


Esse é o rio Paraíba, tendo na sua margem esquerda a cidade Itabaiana do Norte. 

"Quem tem acompanhado esta minha coluna há de se perguntar o porquê de eu falar tanto de minha infância, evocando as cenas da cidade onde nasci e exaltando os personagens que alicerçaram minh’alma pra suportar o peso da própria existência. Quem lê minhas memórias aqui nem imagina que essa infância foi vivenciada mais no quintal de casa do que no leito caudaloso das ruas e que minhas relações se dariam exclusivamente no âmbito familiar, não fosse a saudável convivência com os amigos de sala de aula, onde eu mergulhava nos açudes profundos do conhecimento. Santo quintal, santas escolas primeiras!...

Saído aos catorze anos de Itabaiana, eu viria participar, nos anos seguintes, de banquetes com a carne do bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, já que a vida me reservava moradia justo em frente da casa de Pedro Osmar e Paulo Ró. Jaguaribe é o ponto geodésico de minhas ações culturais, de onde eu parti pra desbravar o mundo.

Mas acontece que o Vale do Rio Paraíba ficou tatuado na memória, certamente porque nenhuma infância passa impune em uma existência.

Trinta e seis anos depois de sair do calor daquelas ruas e de contemplar o furor das águas das enchentes daquele rio, eu fui convidado por um grupo de jovens cineastas paraibanos, egressos do curso de Comunicação Social da UFPB, para ministrar umas aulas de trilha sonora para audiovisual. De repente, estava eu, nesta última segunda-feira, de frente para adolescentes de raro talento e um brilho nos olhos que há muito eu não via.

O mais emocionante é que a maioria tinha a mesma idade com a qual eu deixei a cidade. Tinha ali a oportunidade cultural que sempre nos foi negada e que, em via de regra, é o que faz com que os moradores daquele lugar sigam as águas do rio, desaguando nos mares da capital.

Este feliz convite me foi feito pelos organizadores do projeto Paraíba Cine Senhor, que tem conseguido plantar a semente da inquietação no coração de jovens que se dão ao plantio para o conhecimento artístico e cultural. É um trabalho de formação de extrema qualidade levado aos moradores de várias cidades do interior da Paraíba.

As oficinas oferecidas abrangem as mais importantes áreas da produção audiovisual, desde noções de câmera até ética profissional e direito autoral, sempre envolvendo realizadores que já brilham no cenário paraibano e nacional. Falar de cinema na terra de Vladimir Carvalho é algo não só simbólico, mas que renova as esperanças para a construção de novos realizadores que venham honrar o cinema brasileiro. E se fez nítida a presença de embriões de cineastas naquelas turmas.

Pra mim, que tracei em Itabaiana o roteiro do filme da minha vida, foi animador saber que a militância musical me levou aos caminhos do cinema, justo ali onde meu pai viveu comigo o epílogo de sua história.

Não bastasse esta realização pra minha vida cultural, os meus amigos do projeto Paraíba Cine Senhor produziram ainda uma homenagem pra mim que justifica todas as ações que vivi como militante da vida nos braços da poesia e nos laços com meu instrumento. Já fui homenageado na terra cujo rio batizou meus pés estradeiros. Mas desta vez pude fazer uma revisitação alvissareira à minha infância através dos olhares daqueles adolescentes. E isto, pra mim, é consagração.

O sucesso que persigo é aquele que me aproxima das pessoas e as faz pulsar dentro do meu coração. No caso, meu coração Itabaiana. Obrigado aos talentosos amigos cinesenhores, que demonstraram entender a grandeza da vida!"

Adeildo Vieira



segunda-feira, 29 de abril de 2013


TIJOLINHOS DO MOZART



Depois que a classe média começou a usar bicicleta, o Estado vem dando mais atenção a esse meio de transporte.

"Vamos amar o próximo porque o anterior a gente sabe que não deu certo." - Humor sustentável.

A internet resolve vários problemas dos tímidos e dos encabulados crônicos. Por isso, sou tão "soltinho" nesse Twitter.

Rico não é maconheiro. É usuário de Psicoativos.

Você ainda consegue torcer pela Seleção?

Artur Forrozeiro vai fazer uma Fan Page do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

"Feliciano não me representa", diz a moça no Face. E quem me representa?

Projeto de lei do dep. Nazareno estipula que todas as famílias no Brasil só poderão gastar R$ 18.600,00 por mês para custear suas despesas.

Chove tanto aqui em Jaguaribe que boi ta bebendo água em pé!

Um rapaz de 19 anos me manda várias crônicas de sua autoria. Quer ser escritor. Perguntou se escritor ganha bem. Tive pena do rapaz.

Quarta-feira teremos a maior quantidade de "paraibas" por metro quadrado vestidos de Flamengo em Campina Grande.

A máquina estatal é especializada em facilitar a vida de poucos e atropelar a maioria.

Tenho certeza que há algo estranho no ar. Só não sei quando, nem onde, nem o quê.

Devido ao feriado de quarta-feira, ficam cancelados segunda e terça-feira. Revogam-se as disposições em contrário.

Se der vontade de ouvir, funk, receito Sivuca de hora em hora. Persistindo os sintomas, um médico deverá ser consultado.

97% dos brasileiros dizem que não têm preconceito, mas 98% deles indicam que convivem em seu círculo de amizade com pessoas preconceituosas.

Levantamento feito por IstoÉ indica que a política habitacional criada para ajudar os mais pobres enriquece também deputados e senadores.

Domingo fí de rapariga! Fui viajar no meu calhambeque, caiu um toró, formou-se uma lagoa, meu carro caiu dentro e lá ficou. Apagou o fogo e voltei a pé, na chuva.

Público pagante no "Almeidão": 739. Botafake não empolga.

Reality shows dão de esmola uma realidade que as pessoas não têm.

Gostaria de ler esses livros: o livro de Umberto Eco, História da Feiúra e o livro de Muniz Sodré, O Império do Grotesco.

Na partida entre Campinense x Flamengo, não poderão entrar camisas de clubes rivais. Trezeano está proibido de vestir sua camisa.

Kâlî é a deusa do terrível, da destruição, da noite e do caos. Ela é a patrona do cólera, dos cemitérios, dos ladrões e dos prostituídos.

A pós-modernidade tirou a credibilidade da informação. O que eu digo aqui é mentira até prova em contrário.

"Um homem inteligente às vezes é forçado a ficar bêbado para perder tempo com suas idiotices" — Hemingway

"O álcool é como o amor. O primeiro beijo é mágico, o segundo é íntimo, o terceiro é rotina. Depois é só tirar a roupa da garota". - Exley

Kafka formou-se em Direito aos 23 anos. Eu, com 23 anos, abandonava a escola e me casava. Os imbecis são imortais.

Aos 23 anos, Nelson Rodrigues trabalhava no jornal O Globo. Com a mesma idade, Einstein já havia se graduado em Física.

"O machismo tornou o homem prisioneiro dele mesmo, obrigado a não chorar, não brochar, não afrouxar, não pedir penico." - João Ubaldo Ribeiro

Sob a capa de fragilidade, a verdade é que as mulheres sempre tiveram um poder desmesurado sobre os homens.

Sivuca, o grande inquestionável gênio da música, continua sem um memorial decente em sua terra natal, Itabaiana.

Na máqquina de datiglografar aindda há a qw possibilidade dee erroo. Escrevi uma peça chamada DACTILOGRAFIA.

A maior parte da economia deixa de fazer sentido sem o sexo como força motora ou agente organizador. O pênis é a alavanca que move o mundo.

É tão absurdo sentir que se tem um corpo... Uma veia acima do coração me lateja o dia todo. O que será que ela quer dizer?

"Quando cortas o cabelo igual ao do Neymar, Deus se arrepende de ter te dado cabeça." - Irmã Zuleide.

Eu gosto da vida em fluxos. Hoje eu parei no caminho da dor, mas, amanhã a estrada novamente começa.

Antigamente, as cores dos esmaltes indicavam a classe social. As mulheres mais pobres tinham que usar tons pálidos ou eram punidas.

Pensar deveria ser obrigatório.

"Lula é uma ave de péssimo agouro que comanda um poste que quebrou lojinha de R$1,99" - Mário Gomes Filho

Jornal Nacional não mostrou Lula no Maracanã. Só Dilma, a que está atualmente pagando a conta da Globo.

Agora, vocês querem que eu diga a verdade? Eu não sei fazer nada que preste.

Sou chato, extremista, irônico, irritável e arrogante. Ah, nas horas vagas, sou um gênio.

Conheço pessoas que são verdadeiros Gremlins! Ótimas, mas em contato com o líquido [cachaça], se transformam!

Amiga minha morreu de câncer. Preparar-se para a morte é como enxugar o gelo. O ser humano precisa de dor para praticar a sensibilidade.

Todo mundo se acha melhor que os outros em alguma coisa. Ninguém me ganha na capacidade de fazer merda.

Ameba: "Tudo na vida se resolve com o tempo ou com o foda-se!"

Sonsinho na capital: "Quase não tenho saído pois aqui tudo é muito caro. Uma cerveja é na faicha etária de sete real."

Estou no limiar de alguma coisa grave. Três fins de semana sem beber álcool.

Projetos iniciados, um amontoado de ideias não desenvolvidas, várias metas não definidas e uma dúvida que paira: devo me levar a sério?

Quem quer ser meu amigo não me convida para o jogo Fla X Campinense. Não torço a favor de ninguém. Só torço contra.

Vou ler o livro de Tarcísio Pereira sobre Fernando Teixeira. Como bom cliente, ganhei de cortesia do Sebo Cultural.

"Somos os piores na saúde e na educação. Vivemos num estado de profunda insegurança, medo e violência que aterroriza todos nós”. M. Jardim

Pegou mal a propaganda da Coca-Cola no Nordeste: "Mãe, abrace um urso no seu dia". Urso aqui é "Ricardão".

Triângulo das Bermudas: Bar de Zé, Bar de Lila e boteco de Rolinha na feira de Jaguaribe. Poeta Yberville adora se perder nesse território.

O blog "Besta Fubana" chama dona Dilma de "nossa brava Dama da Tabaca de Aço."

Sábado, eu ouvi e vi um homem confessar um crime com orgulho e altivez.

Embora o cotidiano pareça cheio de absurdos, as perspectivas são boas no longo prazo. Até lá, todos estaremos mortos e felizes.

Jogadores da seleção do Brasil acusados de tortura. Torturaram a bola o tempo todo!

Romário chama Pelé de boçal e católico falso. Pelé chama Romário de metido e idiota. os dois têm razão.

Vavá da Luz queria ver uma luz no fim do trilho, mas o trem do turismo não atrai os prefeitos da região. Pena!

Paguei R$ 10 reais de multa por não ter votado na eleição. Com essa pressão, o Sistema não me dobra mesmo! Continuarei sem comparecer.

Acaba a máfia: Justiça da Paraíba decide que estudantes não precisam de carteira estudantil

domingo, 28 de abril de 2013

POEMA DO DOMINGO



FOBIA

A noite envenena meu protoplasma.
A noite me arrasta para o patíbulo.
A noite é traiçoeira, seus fantasmas me apavoram.
A noite estrangula minha gula.
A noite desafia meus limites.
De noite, todos os gatos são onças.
A noite é uma desgraça para meu sangue
programado para circular apenas durante o dia.
Tomo chá de camomila, erva doce,
erva cidreira, folha de maracujá, melissa,
e vou exorcizar o fantasma da noite,
noite a dentro.

F. Mozart

MICROCONTO DO DOMINGO



The Canary Murder Case II


É terrível, minha tia me convida para o seu aniversário, compro de presente um canário pra ela, chego lá não tem ninguém, meu calendário é defeituoso, na volta o canário canta aos montes no bonde, os passageiros entram em estado de cólera, tiro o bilhete do animal para que o respeitem, ao abaixar-me dou com a gaiola na cabeça de uma senhora que me mostra os dentes, chego em casa banhado de alpiste, minha mulher fugiu com o escrivão, caio duro no saguão e esmago o canário, os vizinhos chamam a ambulância e o levam em uma maca, fiquei a noite inteira jogado no saguão comendo o alpiste e ouvindo o telefone na sala, deve ser minha tia ligando, e liga pra que eu não me esqueça do seu aniversário, ela sempre conta com o meu presente, minha pobre tia.

Julio Cortázar


In: CORTAZAR, Julio. Ultimo Round. 3ª ed. Madrid: Siglo Veintiuno Editores, 1972.

sábado, 27 de abril de 2013

Memória da Rádio Comunitária Araçá FM


Andréia começou a fazer rádio comunitária com 8 anos de idade


Sr. Fábio:

Meu nome é Andréia Santos, sou de Mari, filha de Nem do Bolo, muito conhecido naquela cidade. Quero dizer que tenho a maior satisfação em reencontrá-lo, agora nas redes sociais. O senhor foi uma das primeiras pessoas que me deram oportunidade em rádio. Apresentei programa com o comunicador Wagner Ribeiro na Rádio Comunitária Araçá de Mari em 1999. Comecei nessa rádio com a idade de 8 anos, graças ao senhor e ao pessoal daquela época, quais sejam Michele, Ricardo Alves, Luciano, Edileide Xavier, Mércia Chaves, professora Marizete, Sueli, Severino e o Luiz Papa.

Desde garota, adorava a rádio Araçá. Sempre que ia aos sábados para o catecismo, escapulia para a Rádio. O senhor Fábio apresentava um programa chamado Debate Comunitário, quando houve uma promoção: quem chegasse primeiro ao estúdio com a carteirinha do Clube do Ouvinte ganharia um brinde. Eu peguei a carteirinha de minha avó, que era sócia, e saí em disparada. Daí, o senhor pediu para que eu dizer meu nome no ar. Aquilo foi um sonho! Sempre quis conhecer a rádio Araçá por dentro. Desse dia em diante, fiquei sendo uma espécie de mascote da rádio.

Sempre que dava, estava eu lá, lendo alguma coisa ao microfone, participando dos programas. Passei a apresentar com Wagner Ribeiro um programa sobre a juventude, aos sábados. Depois, fiz parte do programa Estação Saudade, com Michele.

Confesso que eu tinha medo do senhor. Era tido como uma autoridade, chefe da estação do trem. Cheguei a estudar com seu filho, Max, no Colégio do Dragão.

Quando a Polícia Federal fechou a Rádio Araçá, toda cidade ficou triste. Chorei tanto nesse dia! Eu lembro quando vocês fizeram a reunião de apoio à rádio. O Luiz Papinha anunciou nas ruas no seu carro de som, convidando as pessoas para a reunião que aconteceu à noite, onde hoje é a Igreja Universal. Eu não entendia muita coisa, mas vislumbrei que ali estava acontecendo um fato muito importante para a comunidade. Uma rádio em Mari era coisa do outro mundo!

Eu ficava olhando os apresentadores, era tudo tão mágico! Daí surgiu minha paixão pelo rádio. Fiquei na Rádio Comunitária Araçá por um bom tempo, até aos 18 anos. Depois fui estudar em Bananeiras, no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros. Tive que sair de minha cidade. Mas foi uma aprendizagem muito boa na rádio comunitária. A vida me levou por outros caminhos, me afastou do rádio. Ainda sonho em estudar jornalismo futuramente, nem que seja com 60 anos. Penso em fazer mestrado na área de comunicação e extensão na área agrária, que também me fascina.

Em Bananeiras, apresentei programa na Rádio do Grêmio Livre da escola. Também estagiei na Rádio Talismã, em Belém. Com o passar do tempo, percebi que a realidade do rádio não é tão linda assim. Uns querem status, outros servem de marionetes para políticos e acabam descaracterizando um meio de comunicação tão importante para a comunidade. Mas o rádio sobrevive, permanece firme, apesar de tudo.

Pois, seu Fábio, obrigado por ter me levado ao mundo mágico do rádio popular.

Andréia Santos

Futebol cidadão

Garotos do meu time de futebol em Mari



“Confesso que me fatiguei um pouco; que importa! Combatemos, vencemos, isso é o que importa”. N. Kazantikakis

“Cuide só da sua vida”, dizia minha mãe. Quando fui viajar pelo mundo a pé, ela aconselhou: “Não fale com estranhos”. Não dou trela a estranhos, mas não cuido só de minha vida.

Quando cheguei na pequena cidade de Mari em 1988 para assumir o cargo de Chefe da estaçãozinha de trem, passei a cuidar da vida dos outros, um tanto por não ter muito o que fazer na repartição.

Entre as muitas ações, me meti com futebol. Tomei conta de um time por nome Canteiro. Ensinava rudimentos do futebol a um bando de garotos de sete a onze anos, incluindo meu filho Arnaud Neto.

Uma discreta lágrima correu pelo meu rosto nesta sexta-feira. Foi no bar de Zé. Cheguei, me abanquei e pedi uma cerveja. Só um freguês no recinto, tomando sua gelada, calado. De repente, puxou conversa. Disse que era de Mari. Morava agora em Cruz das Armas, padeiro de profissão. À guisa de maiores esclarecimentos, me apresentei como cidadão honorário de Mari onde morei por 12 anos. O homem abriu um sorrisão. Quase não acreditou quando eu disse que era o antigo chefe da estação ferroviária.

--- Você mudou demais, ta mais gordo, sem barba e sem cabelos grandes – espantou-se.

Foi quando confessou que devia ao antigo técnico uma dívida de honra. Seu filho Hozanan, de quem eu nem lembrava mais, jogava no meu time.

--- Ele era preguiçoso pra estudar, mas depois que foi jogar no Canteiro, avançou nos estudos porque dizia que seu Fábio exigia boas notas para fazer parte da equipe. Hoje é um pai de família, estudou, se deu bem na vida, e isso em parte devo a você – revelou o padeiro.

Chiquinho Padeiro, o nome da fera, pai de Hozanan meu ex-pupilo, permita que eu faça esse registro público da satisfação em saber que esse Leão rabugento, mas de coração mole, ajudou crianças a tomar gosto pelos estudos através do esporte.

Acho que já contei aqui essa história de minhas aventuras como cartola e técnico de futebol em Mari pela centéssima quinquagésima vez. Não vou repetir, prometo. Apenas permitam consignar por escrito uma frase de minha autoria que foi eu mesmo que pensei: “Nosso futebol arte perdeu para o futebol malandragem e o futebol mercenário, entretanto, o futebol cidadão jamais colherá mal resultado”.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Formação de Teatro no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar

O jovem Rafael (de boné branco) pediu à mãe para fazer o curso de teatro


É como diz compadre Valber Matos, do Ponto de Cultura Estação Cultura, em Sousa: “Democracia no fazer cultural se pratica aqui.”  O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar está inscrevendo para sua oficina de iniciação teatral e a procura é grande! Os nossos jovens têm sede de conhecimento. Nosso papel é acender a chama criadora e transformadora dos jovens.

A juventude ainda não entrou nesse marasmo onde vivemos, nessa fase da vida em que a gente se desilude e começa a perder força, energia criativa. Com 58 anos, ainda sou jovem porque não apaguei ainda todos os meus sonhos transformadores. Por isso, gosto de trabalhar com a mocidade, dar surporte através do Ponto de Cultura a quem quer aprender, estudar arte, fazer cultura viva.

Rafael Lucas é um rapaz de 15 anos de idade, mora no Conjunto Costa e Silva, em Itabaiana, sobrinho do meu compadre Osório Cândido. Sua mãe, sem embaraço, me procurou para matricular o filho no curso de teatro. Disse que é desejo do menino fazer teatro, e graças à generosidade do projeto do “Cantiga de Ninar”, vai poder estudar esta arte cênica, sem pagar nada. Rapazes e moças do Açude das Pedras, do Jucuri e outros bairros proletários da cidade já estão se inscrevendo. O acesso à educação constrói, a despeito das diferenças próprias de nossa origem, como classe social, religião ou gênero. O meio artístico e cultural é um ambiente em que podemos ser todos iguais. O conhecimento oferece oportunidades e permite a igualdade.

Para mim, fazer cultura é isso. Nada contra, mas investir em festas de rua com bandas famosas não é bem o que entendo por produzir cultura. Esses eventos colocam os indivíduos na posição de espectadores. Os jovens têm sede de protagonismo, eles querem imprimir sua marca. É isso que a gente propõe: o jovem fazendo teatro, cinema e música, motivado pelo prazer da realização pessoal.

FOLCLORE E LUTA POLÍTICA NO RÁDIO


Folclorista que lutou contra ditadura é entrevistado do Alô Comunidade


O programa Alô Comunidade deste sábado, 27, vai entrevistar o ativista cultural e fundador do Centro Popular de Cultura da Paraíba (CPC), José Emilson Ribeiro. Ele é o idealizador dos festejos culturais do Bairro dos Novais, na capital. Além de sua histórica militância cultural, Seu Emilson participou ativamente da luta contra a ditadura militar brasileira e sentiu na pele a truculência do período mais sombrio da história recente do pais.

Não perca! O Alô Comunidade vai ao ar todos os sábados, a partir das 14 horas, pelas ondas médias da Rádio Tabajara AM, na sintonia 1110 kilohertz. Pela internet o programa pode ser ouvido ao vivo no seguinte endereço: http://www.radiotabajara.pb.gov.br/

A produção é de Dalmo Oliveira e Fábio Mozart. Reportagens de Dalmo Oliveira e Beto Palhano. Apresentação de Beto Palhano, Fábio Mozart e Dalmo Oliveira. Apoio comunicacional de Fabiana Veloso e Marcos Veloso.

 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pigmentos



Lavra de caulim para indústria de papel e tinta


Desde há 30 mil anos que pigmentos naturais têm sido utilizados em pintura. Da areia se tira o pigmento constituinte das tintas. Ninguém pinta como eu pinto a partir do azul ultramarino compacto e denso do mais fino acabamento. É inconveniente se falar do cinábrio, da azurite e da malaquite, materiais de luxo que só podem ser produzidos através da mais fina areia contrabandeada do rio Nilo ou outro rio famoso qualquer. A azurite é de cor azul, carbonato básico de cobre, matéria também constituinte das moedas. A malaquite é verde, como as notas de dólar, tonalidade que representa papel moeda no mundo todo, a partir da universalização do dinheiro americano.

Pergunta o meu leitor, indaga minha leitora: o que diabo tem esse blogueiro hoje falando dessas coisas sem nexo, sobre pintura? Não sendo eu pintor, quero aqui mandar meu abraço para Antonio Costta, um artista plástico em toda sua potência. Pois é, Antonio Costta utiliza o ocre, óxido de ferro de cor amarela, castanha ou vermelha, para pintar seus quadros secos como os rios nordestinos, fortes e iluminados por essa luz exuberante.

Pois é.  Por nada não. Apenas para afirmar que a Toca é cultura e informação. Por exemplo, o caulim. É um minério utilizado na fabricação de tintas, cerâmicas, papeis e outros materiais. Você cavando alguns metros na areia, vai encontrar caulim nas margens dos rios. Vale muito dinheiro.