segunda-feira, 30 de outubro de 2023

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

RÁDIO BARATA NO AR – 432

 


Barata desaparecida é encontrada por cachorro maluco

RÁDIO BARATA NO AR – 432

https://www.radiodiariopb.com.br/barata-desaparecida-e-encontrada-por-cachorro-maluco-programa-radio-barata-no-ar-edicao-no-432/

 

 

 

 

 

Cachorro Vira Lata aprendeu o que é etc... au, au.. etc...

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

domingo, 15 de outubro de 2023

Acoitado na orelha de Bento Júnior

 

Ao centro, Bento Júnior no papel de cangaceiro

O cordel de Bento Júnior de parelha com a pesquisa de Kydelmir Dantas eu coloco na categoria de vaqueiros de vaquejada, trajados de sete peles de boi brabo, gibão e pederneira da cantiga popular, guarda peito de couro de boi de Minas e outras assombrações poéticas dos sertões e veredas, protegida contra os espinhos e folhas pontiagudas do esquecimento histórico do povo brasileiro. Sim, porque essa inclinação perversa dos seres humanos formando movimento armado de bandoleiros justiceiros aconteceu/acontece no mundo desde que se formou a primeira quadrilha organizada responsável pelo assalto ao jardim do Eden e roubo da famosa maçã do amor varonil, com apoio do próprio Adão, expulso do Paraíso por comandar a falange dos anjos derrubados, sustentáculos da matriz do inferno com filial em todos os processos revolucionários subversivos, em uma guerra de guerrilha contra a sociedade dos mafiosos legais e suas falanges oficialmente autorizadas. E o cangaço é nossa história dos samurais soltos na buraqueira do feudalismo nordestino, escrevendo seus destinos e das suas pátrias arbitrárias com o risco do punhal e o código de honra dos homens primitivos.

Assim como a vaquejada recebe o veemente repudio das entidades de defesa animal brasileiras, em razão dos maus-tratos aos bois e cavalos que participam dos eventos, o cangaço não é bem visto por muitos historiadores. Caio Prado Júnior, sobre a formação do cangaço: “É entre estes desclassificados que se recrutam os bandos turbulentos que infestam os sertões, e ao abrigo de uma autoridade pública distante ou fraca, hostilizam e depredam as populações sedentárias e pacatas; pondo-se a serviço de poderosos e mandões locais, servem os seus caprichos e ambições nas lutas campanárias que eles entre si sustentam”. Ciente das muitas histórias de assassinatos entre famílias inimigas no Nordeste, Euclides de Cunha infere que o cangaço teria seu início com as batalhas mortais entre famílias inimigas. Nesse burburinho ensopado de veneno ideológico, o comunista Luiz Carlos Prestes pensava assim dos cangaceiros: “Os cangaceiros são grupos mais ou menos numerosos de camponeses que, perseguidos pelos senhores feudais ou pelas autoridades governamentais, não podem subsistir senão em luta. Entre outros, o mais conhecido é Lampião, que combate vitoriosamente há mais de dez anos contra todas as forças enviadas contra ele. A crise atual, agravada no Nordeste brasileiro por longos anos de seca, aumentou o número de ‘cangaceiros’ e hoje, ao lado de Lampião, formigam pequenos chefes de bandos que vivem do dinheiro e das mercadorias arrancadas aos ricos comerciantes. As massas nutrem a maior simpatia pelos ‘cangaceiros’ que dividem com ela grande parte dos víveres e mercadorias tomadas”.

Kydelmir Dantas dedicou sua vida de estudioso e poeta para entender e preservar a cultura desse fenômeno social. No rastro caatinga afora, o cangaço deixou sua influência e encontrou em Kydelmir um pesquisador que reconhece a importância desse movimento como influenciador da cultura, isso no teatro, na música, culinária, artesanato, folclore e cinema. O cordel é a Bíblia do cangaço. Narrou as peripécias dos mitos cangaceiros e viajou longe e profundo nas burundangas, nos cacarecos da cultura popular, porque a memória dos cabras da peste ainda estão muito vivas na nossa época, e gente como o poeta Kydelmir acha mega importante que sua pesquisa histórica preserve para as gerações seguintes esse patrimônio das tradições, as representações da identidade do seu povo. Daí ele se encontrou com o poeta cordelista Bento Júnior e juntou sua sondagem científica com a jocosidade do Júnior para compor este trabalho poético que vem para fazer parte do extenso ciclo do cangaço na literatura de cordel nordestina. E grato por terem me acoitado na orelha do livro.

Fábio Mozart

Cordelista e dramaturgo, autor da peça “A peleja de Lampião com o Cão Canjiquinha”


Para a orelha do livro "CANGACEIROS NORDESTINOS, ENTRE TANTOS OS DESTINOS", de Kydelmir Dantas e Bento Júnior

segunda-feira, 9 de outubro de 2023