sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sou agnóstico (Ninguém perguntou, mas eu senti vontade de dizer)





Não sou uma pessoa exclusivamente materialista, lógica e/ou racional, tenho cá meus momentos de reflexão espiritual, por isso me considero um agnóstico. Vamos às definições: Agnóstico é aquele que considera os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana. A palavra deriva do termo grego “agnostos” que significa “desconhecido", "não cognoscível”. Num sentido religioso, agnóstico é aquele que não acredita na existência de Deus, porém não nega essa possibilidade, por se encontrar num patamar racionalmente inacessível. Diferente do ateu que nega a existência de Deus ou de qualquer entidade superior. Pronto, é isso, sou agnóstico.
 

Minha música “Pátria armada” é tema de filme de Jacinto Moreno




Cida Melo, atriz no documentário de ficção “Caminhante”


O videasta Jacinto Moreno vai lançar seu novo trabalho com o título “Caminhante”. É sobre um filósofo de rua, um pedinte que anda nesse mundaréu olhando com olhar de poeta as misérias das cidades. 

Moreno se apoderou de minha música “Pátria armada”, com melodia do meu compadre Hugo Tavares em riba de poema publicado em livro do mesmo nome. Ele disse que a música encaixou legal no filme. A produção pagou a este autor uma sopa de carne com pão para efeitos de quitação de direitos autorais. Melhor do que nada!

Jacinto é um cara persistente. Faz seus filmes sem gastar nada. Orçamento zero e resistência cem.  É que o carinha é desses super resistentes à pressão social.  Não nego que admiro a capacidade desse Jacinto, o equilíbrio para superar impasses, pessimismos, desânimos e censuras sociais. Na maciota, com atrevimento, acreditando na sua linguagem artística, Moreno vai filmando sem querer saber se sua persistência aborrece. Muito medalhão da cena artística paraibana já filmou com Jacinto, e qualquer um deles se sente honrado em participar dos seus filmes. Se a produção jacintiana tem qualidade? Isso é outro papo. Tou falando de resiliência, que também é uma arte das mais dificultosas.
Quer uma prova do conceito que Jacinto goza na classe artística de João Pessoa? Pois, vá no dia 14 de junho no Beco da Faculdade, onde o Projeto Cinema no Beco vai homenagear nosso cineasta exibindo alguns dos seus curta-metragens. 

Ivonaldo Rodrigues, ator em "Caminhante"
O CINEMA NO BECO DA FACULDADE é um projeto itinerante e pretende formar novas platéias e promover debate sobre a produção cinematográfica paraibana, ao tempo em que denuncia o descaso eterno com o sítio histórico Gabriel Malagrida, no centro de João Pessoa, a terceira cidade mais antiga do Brasil.

A música “Pátria armada” foi selecionada para constar no CD SESC de Música Paraibana. Interpretação da banda “Puro charme”, com o cantor Túlio Melo, arranjo de Arnaud do Sax.


Otacílio Lima e Horieby Ribeiro em “Caminhante”

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Vou deixando sementes por onde passo


Eu e Silvano Silva, o Mussulino

Por onde andei, liberei gritos, esperanças, sonhos, esperneios, lições de plantação de sementes boas. Em Mari, cidade onde morei por 12 bons anos de minha vida profissional e pessoal, espalhei muitas sementes. Algumas germinaram. Trabalhei com futebol de base, fundei associações comunitárias, jornais, teatro e rádio comunitária. Movimentos mirrados, em uma sociedade muito conservadora, mas produzimos bem, alastramos ideias, estimulamos talentos, espalhei e fomentei arte, cultura e rebeldia.

Neste mês entrevistei dois jovens de Mari, no meu programa de rádio na Tabajara AM. Um deles, o Silvano Silva, fez teatro no nosso Coletivo Dramático de Mari. Comediante nato, hoje faz shows, é locutor e produtor cultural. Também começou as atividades de rádio na nossa comunitária Araçá.

Outra pupila, a jovem Andréia Santos, começou a trabalhar na rádio comunitária aos oito anos de idade. Passou sua adolescência no estúdio da Araçá. Agradece a mim pela oportunidade de viver o mundo da radiofonia popular que, segundo ela, “a transformou numa pessoa de reflexão, com pensamento próprio, sabendo posicionar-se diante os estímulos da sociedade.”

Formei muitas lideranças, atletas, comunicadores, atores, líderes comunitários nos encontros, associações, grupos de estudo, palcos de teatro, estúdio de rádio, redação de jornais e nas centenas de reuniões do partido político que também ajudei a fundar em Mari. Fui do meio popular, digamos assim, e nesse meio, do movimento dos trabalhadores, da luta dos artistas para assumir seus espaços, da fome de justiça da juventude, do incentivo ao esporte sadio, batalhamos por uma sociedade aberta, livre e engajada. Não avançamos muito, mas, desses grupos de lazer, esporte, política, movimento social e mesas de bar saíram bons quadros. 

Acho que contribuí para mudar destinos. Isso conta muito no cálculo do valor de uma vida que já se aproxima do epílogo.