UM TAL DE
PELÉ
|
Add caption |
O ano:
1957. O técnico Vicente Feola convoca para a seleção brasileira de futebol um
menino chamado Pelé para disputar o mundial da Suécia no ano seguinte. Em
Itabaiana, o alfaiate e desportista Virgílio de Assis leu a notícia no Diário
de Pernambuco, na tipografia de Nabor.
--- Mas
veja só esse Feola, convocar um garoto por nome Pelé. Um cara com um nome
desses não pode jogar bola!
PRISÃO
DOMICILIAR
Virgínio
de Assis era auditor da Junta Disciplinar Desportiva da Liga Itabaianense de
Futebol. Em julgamento, o sapateiro e juiz de futebol conhecido por Dão,
acusado de cometer erros mais do que grosseiros em uma partida do campeonato.
Voto de Virgínio: “Eu voto pela prisão domiciliar do juiz pelo prazo de 30
dias”.
O mais
pitoresco: a decisão foi acatada. Dão ficava de dia em Campo Grande, e à noite
vinha escondido para Itabaiana, tomar cana no cabaré e conversar sobre futebol
na sede do União Sport Clube. É que, à noite, Virgínio não costumava sair de
casa.
CABO TOTÔ
O dublê
de corneteiro e técnico de futebol Cabo Totô comandava o União Sport Clube com
seu jeito bonachão, amigo de todo mundo. Sabe a lenda do técnico que atirava as
camisas para o alto, na hora da escalação? Jogava quem pegasse camisa. Pois com
Cabo Totô acontecia isso. Sem querer deixar ninguém de fora, muitas vezes
apelava para o método. Reunia os jogadores e gritava:
---
Atenção rapaziada! Vou jogar as camisas para o alto. Quem pegar, ta escalado.
Mas eu aviso logo: quem jogar ruim fica fora do próximo sorteio.
BOTAFOGO
DA MALOCA
O
Botafogo de Zé Dudu não tinha plano de jogo, mas tinha plano para após o jogo:
todo mundo tomar birita na sede do time, no bairro Maloca. O lateral esquerdo
Zé Dudu, dono do time e péssimo jogador, criticado pelo técnico porque estava
marcando mal o ponteiro adversário, saiu-se com essa: “Eu não sou soldado pra
desarmar ninguém”. O time estava ganhando pelo placar mínimo, final de jogo. O
técnico pede pra Zé Dudu reter a bola, gastar o tempo. Dudu, que não tinha
intimidade com a redonda: “E eu sou lá abelha pra fazer cera?”.
CAPELENSE
Capelense começou
jogando no Botafogo de Zé Dudu, depois atuou no Botafogo de João Pessoa, passou
pelo Campinense, transferiu-se para o Belenenses de Portugal, onde fez história
como jogador e depois com treinador. Matuto, quando chegou para treinar no
Botafogo da Paraíba foi alvo das chacotas dos companheiros:
--- Itabaiana, tu
jogas de que?
--- Eu jogo de meia
direita.
--- Pois aqui a gente
joga de chuteiras!
CAVALO NO CAMPO
Lima de Itabaiana
atuou no futebol pernambucano e do Rio Grande do Norte. No Vila Nova, era um
ponta esquerda veloz, de chute forte e certeiro. Foi ídolo do Treze de Campina
Grande. Numa partida contra o União, foi duramente marcado pelo lateral. Saiu
do jogo reclamando:
--- Tem um cavalo
calçado de chuteira aí no campo!
CONCENTRAÇÃO
O Sport Club de
Itabaiana formou um bom time para disputar o campeonato, querendo quebrar a
hegemonia de União e Vila Nova. O centro-avante era Boró, baixinho veloz e
goleador. Na véspera do jogo contra o Vila Nova, Marcos Veloso, Luiz Paraíba e
Zito Oliveira, diretores do clube, fizeram esforço e concentraram o plantel em
uma fazenda perto de Guarita.
Na hora do jantar,
serviram cuscuz com ovo e café. Boró indignou-se:
--- Cuscuz eu como em
casa mesmo!
E foi embora.
PERNAMBUCO VOCÊ É MEU
Manoel Amaro era o
maior juiz da Federação Pernambucana de Futebol. Foi contratado para apitar uma
decisão entre Vila Nova e União. No intervalo, perguntou:
--- Esclareçam: aqui é
Paraíba ou Pernambuco?
É que os rádios dos
torcedores só transmitiam o futebol de Pernambuco pelas ondas da Rádio Clube,
única emissora a ser captada na cidade.
(Do livro inédito
“Fatos pitorescos do futebol”, de Arnaud Costa)