Barata cachaceira pede a Lula para criar a Bolsa Birita
RÁDIO BARATA NO AR – Nº 353
Barata cachaceira pede a Lula para criar a Bolsa Birita
RÁDIO BARATA NO AR – Nº 353
Pequenas situações, grandes recordações
10 MINUTOS NO
CONFESSIONÁRIO – Podcast com Fábio Mozart – Episódio 82
A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) anunciou neste sábado (26) os ganhadores do Prêmio Literário José Lins do Rego nas categorias conto, crônica, poesia, romance e literatura infanto-juvenil, selecionando cinco obras para publicação. Na categoria crônica, o vencedor do concurso é o jornalista e escritor Fábio Mozart, radicado em Bananeiras, com o livro “Meu livro de crônicas é um fracasso de vendas e outras resenhas anêmicas”. A ação é desenvolvida através de uma parceria entre a Empresa Paraibana De Comunicação (EPC), e Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) e tem como finalidade revelar e reconhecer talentos, além de estimular a criação e divulgação das obras de autores(as) da Paraíba no âmbito da literatura.
O Prêmio de melhor trabalho na área de poesia é “Sou eu lírico”, de Cleydson Anderson Gomes. Na categoria conto, venceu o livro “Et Lucifer Oriatur in cordibus vestris”, de Natã Yanes Melo. O romance “Menino de vila operária”, de José Luiz Gomes, foi escolhido na categoria, e “Descobrimento”, de Rafael Lopes Vasconcelos, destacou-se na literatura infanto-juvenil.
O escritor e jornalista Fábio Mozart é autor de dez livros de poemas e crônicas, com extensa lista de títulos publicados no gênero literatura de cordel, tendo sido vencedor do Prêmio Patativa de Assaré do Ministério da Cultura em 2010 com o cordel “Biu Pacatuba, um herói do povo paraibano”.
A data e o local de entrega dos prêmios serão posteriormente divulgados pelas mídias institucionais do Governo do Estado.
Canarinho briga com o Pato por causa da camisa da seleção e Barata dá show na Copa do Catar
RÁDIO BARATA NO AR – Nº 352
Barata se recusa a aderir à nova rede social porque quem tem KOO tem medo
RÁDIO BARATA Nº 351
Ao som da
encantadora toada de Cátia de França que em 1980, no LP “Estilhaço”, deslinda a
Lei de Lavoisier, tentarei compor aqui um brevíssimo tratado das equivalências
artísticas no campo do cordel brasileiro e paraibano. Na magistral cantiga, que
poderia estar entre as melhores letras da nossa MPB, Cátia explicita que “com o
vírus acontece / Uma coisa bem estranha / Se tira um pedaço dele / Outro pedaço
ele ganha / O pedaço extirpado / Outro vírus vai formar / Porque é da natureza
recomeçar".
No caso em estudo,
não se trata de micróbios parasitas. São dois poetas de cordel, do grupo
restrito dos excepcionais, os dois nascidos na cidade de Solânea, brejo da
Paraíba. Um deles é Joaquim Batista de Sena, um poeta que viveu em constante
luta contra as aparentes impossibilidades e construiu uma obra notável. Foi
idealizador e um dos criadores da Academia Brasileira de Cordel. Sua resenha
bibliográfica dá conta de que “era um grande poeta, conhecia bem os costumes, a
fauna, a flora e a geografia nordestina, motivo pelo qual seus romances eram
ricos em descrições dessa natureza. Pode-se dizer que, com a sua morte,
fechou-se um ciclo na poesia popular nordestina e o gênero ‘romance’ perdeu um
de seus mais importantes poetas”. Morreu em 1993 na cidade de Fortaleza, Ceará.
O outro poeta
solanense é da contemporaneidade. Alexandre Eduardo de Araújo respirou pela
primeira vez o oxigênio afável tropical de sua Solânea em 1976. Atualmente é
professor da Universidade Federal da Paraíba, doutor em Agronomia e mestre em
Agroecologia. Conforme a obra “Na memória da tradição – Fontes de informação em
literatura de cordel”, dos professores Sale Mário Gaudêncio, Elizabeth Baltar,
Izabel França, Eveline Filgueiras e Fabiana França, “Joaquim Batista de Sena
estudou apenas três meses, para aprender o ABC, mas jamais escreveu palavras
erradas ou inadequadas nos seus ‘romances’. Foi considerado um dos mais
importantes poetas da Literatura de Cordel em todos os tempos. Autodidata,
adquiriu vasto conhecimento sobre cultura popular e era um defensor
intransigente da Poesia Popular Nordestina”. Um doutor e um autodidata cultivando
com talento e destreza esse vício que é compor versos da “poesia de gabinete”,
expressão usada pelos próprios artistas da palavra nordestina para distinguir o
cordelista do poeta repentista.
Em comum, a terra
natal e a inquietação pela preservação da fauna e flora, o resguardo desses
recursos naturais inventariados em poética de sonho e peleja. Por isso a obra
desses dois poetas anda pelo ar, nos ventos alísios, nos planaltos, chapadas e
serras da cordilheira Borborema, nos cactos e bromélias, principalmente
bromélias, gênero botânico ligado ao agave, planta da qual se produz o sisal
que é a cepa da palavra Solânea. Não seria incerto reconhecer que, nos segredos
do conceito filosófico do renascimento, esse poeta doutor Alexandre Eduardo de
Araújo e sua poesia das plantas, minerais e animais do brejo sejam a
transmigração da alma do cordelista solanense Joaquim Batista de Sena. Minha
concepção como livre pensador não acolhe esta hipótese religiosa de que a
essência não física de um ser vivo inicia uma nova vida em uma forma física ou
corpo diferente após a morte biológica. Entretanto, até a raiz da alma, no
sentido do pensamento e consciência, os dois cordelistas da terra de Greginaldo
Medeiros, outro conhecido vate popular, se abraçam e compactuam com o mesmo
tema e são irmãos na origem e na constituição e compreensão do ato de amar seu
espaço e sua pátria natural.
Alexandre Eduardo
de Araújo recebeu o Prêmio Elo Cidadão por quatro anos: em 2009, 2010, 2014 e
2020, nas áreas de meio ambiente e cultura. Também foi ganhador do Prêmio
"Tancredo de Carvalho" de Literatura de Cordel, financiado pela Lei Aldir
Blanc 2020. Escreveu o folheto “Protegendo o ambiente, Solânea está mais
bonita”, cujo tema, gênero literário e cidade a Joaquim de Sena Batista
pertenciam e pertencem. Um dá continuidade ao labor artístico e ideológico do
outro. “Porque é da natureza recomeçar”. Sempre.
Confissões de um quase santo no Dia da Bondade
10 MINUTOS NO
CONFESSIONÁRIO – EPISÓDIO 81
Rádio
Barata indica os ganhadores do Prêmio Barata de Ouro de 2022
RÁDIO BARATA NO AR
– Nº 350
Estou
escrevendo o “ABC do sarcasmo”, impressionante resumo poético debochado deste
que é o maior folhetista trocista do mundo cordelista ridículo e gracejador. Já
cheguei na letra Z, mas para isto tive que começar com a letra A de AMIGO:
Sejamos objetivos
E deixemos de floreio;
Não tem amigo fiel,
Todos são falsos, eu creio
O raro que é sincero
É o amigo do alheio.
Esta
coleção de sextilhas pretende seguir uma temática moderna dos sucedidos na
nossa história recente, empanzinada do mais acabado e rematado absurdo. Assim,
na letra E de ENUNCIADO, vai comentário sobre as últimas manchetes da imprensa
nacional:
O supra Deus do Mercado
Na sua declaração
Diz que o teto de gastos
É indispensável à nação
Um fator fundamental
Já o brasileiro, não!
Na
mesma pisada, na letra F de FOME eu acunho:
Frase de especulador
E urubu de renome:
“Se Lula ajudar ao pobre
Enchendo seu abdome
Acaba nossa mamata
E vamos morrer de fome”
Ainda
na letra F, o autor dá uma mostra do que ele pensa sobre si mesmo:
O velho Fábio Mozart
É um modesto cidadão
Tanto que quando morrer
E recolhido ao caixão
Nem assim ele será
O centro da atenção
E
segue o folheto nessa linha nem sempre imaginária, onde aqui e ali o folhetista
larga sua proverbial humildade para se auto exaltar, como se lê na letra I de
INTIMIDADE:
Do quadrado dos catetos
Sendo esta exata musa
Sou enfim a somatória
Que tolhe gente obtusa
Pra quem tem intimidade
Me chame de Hipotenusa
Meus
fiéis amigos prometem comprar este folheto, o que já me garante zero exemplar
vendido. Dependerei dos camaradas infiéis para obter sucesso na colocação do
livro no livre mercado, se o tal mercado estiver calmo, sem o estresse do
efeito Lula boquirroto. A crítica cordelesca já resume esta obra como um
folheto transvanguarda do poema popular da pós-modernidade, seja lá o que isso
signifique. Sim, ainda tenho aspiração de me locupletar no novo governo,
assumindo o Ministério da Poesia Debochativa e sua utilidade para o controle do
comportamento sexual das pessoas. Torçam por mim. Sem camisa amarela, faz
favor!
Barata mestra explica golpe da Proclamação da República
Bananeira
RÁDIO BARATA NO AR – Nº 349
Confissões no Dia Mundial da Gentileza
https://www.radiodiariopb.com.br/confissoes-no-dia-mundial-da-gentileza-podcast-com-fabio-mozart/
O dicionário ensina que “capa-gato” é o técnico agrícola, perito em agropecuária, o profissional de nível médio em ciências agrárias. Claro que se trata de um termo discriminatório. O “pai dos burros” até acrescenta um exemplo do uso da expressão: “Aquele fulaninho, metido a veterinário, não passa de um capa-gato”. Em recuados tempos eu fui “capa-gato”, aluno interno no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, na cidade Bananeiras, onde atualmente fixei residência na rua do Galo, esquina com Solânea. Neste final de semana li o livro do senhor Manoel Luiz da Silva, “Satuba, escola de muitos... privilégio de poucos...”, sobre sua experiência de vida como aluno de uma escola agrícola em Alagoas e como acabou transferido para o Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, em Bananeiras, no ano de 1963. Não fomos contemporâneos nessa vivência de “capa- gato” na terra de Oscar de Castro, fundador da Faculdade de Medicina e membro da Academia Paraibana de Letras, falecido em 1970. Mas me identifiquei deveras com seus relatos sobre adaptação ao contexto de uma escola desse tipo, os problemas de relacionamento, comportamentos adequados e inadequados de alunos, professores, funcionários e diretores, as habilidades sociais dos alunos para driblar as carências materiais e afetivas e todo comportamento social característico de um grupo de jovens em um ambiente estranho, convivendo com colegas oriundos de diversas partes desse país, com suas culturas específicas, seu modo de ver a vida, seus hábitos e temperamentos individuais.
Prezado senhor Manoel Luiz da Silva, filho da cidade União dos Palmares: suas memórias tocaram meu emocional de colega “capa-gato” e de ferroviário, impactado ao ler suas narrativas sobre como o trem influenciou sua vida de estudante pobre nas Alagoas e na Paraíba. Na região da mata da “terra dos marechais”, o trem, percorrendo o trilho da grande importância social e econômica que detinha na época, com sua locomotiva a vapor e seu apito angustiado, moldurava a paisagem entre vales, curvas e grotas de um interior com suas incríveis belezas naturais e sociais de um povo pobre, mas que se nivelava com todos os extratos da população, “de forma indiscriminada”, como passageiros do trem, levando e trazendo encomendas, mercadorias, caixões de defuntos e ricos e pobres, recados e saudades. O estudante que pagava meia passagem fazia do trem uma extensão de sua casa e da escola, aproveitando para criar também seu próprio parque, sua praça e seu jardim para os namoricos nos vagões.
Como antigo telegrafista da rede Ferroviária Federal, adorei o relato do aluno que era filho de chefe de estação e dominava transmissão de mensagens pelo código Morse. Pois o telegrafista mirim ensinou aos seus colegas os significados dos sinais curtos, longos e traços. Com isso, passava e recebia cola durante as provas, manipulando na própria carteira, usando o lápis como ferramenta. O professor notou a coincidência da resposta dos quesitos e acabou desmantelando o plano dos “telegrafistas”.
Em Bananeiras, Manoel foi feliz. “Uma cidade rodeada de serras e paisagens bucólicas, imensos campos de bananeiras, com acesso muito difícil. Se não fosse o trem furando o túnel da serra da Viração, seria quase impossível chegar àquela cidade com suas ruas sinuosas e enladeiradas, seus belos casarões, resquícios de um passado rico dos senhores do café”. Manoel e seus vinte e seis colegas alagoanos foram recebidos com calor humano, apesar do clima frio e úmido. “Seu povo hospitaleiro, sua juventude atenciosa e participativa fazia com que a gente não sentisse tanto o impacto da mudança, e logo tomávamos parte da vida social da pequena e agradável cidade paraibana”.
Manoel é um cidadão que gosta de livros. Em Bananeiras, foi por muito tempo diretor da Biblioteca Pública Municipal, colaborando com a cidade na divulgação de sua história e preservação do rico patrimônio material e imaterial do município. O ator francês Marcel Marceau representava mímica onde espelhava a vida de uma pessoa em apenas um minuto. Manoel representa sua vida de estudante e ativista cultural em 170 páginas, lidas num domingo por este seu colega “capa-gato” e também cultor dos livros, pelo que agradeço ao nobre confrade a chance de reviver minha vida como aluno dessa instituição de ensino em Bananeiras, lugar que escolhi para fechar o ciclo da existência.
Olhos soturnos da barata choram por
Gal e ironizam o general
RÁDIO BARATA NO AR – Nº 348
DEZ MINUTOS NO CONFESSIONÁRIO – 79
Realidade paralela
https://www.radiodiariopb.com.br/realidade-paralela-podcast-com-fabio-mozart-episodio-79/
A empresa ferroviária me transferiu para chefiar uma pequena estação de trem na cidade Mari, em 1988. O primeiro mariense que se aproximou de mim tinha traços orientais e um bom humor profissional. Não por acaso, Alexandre carregava a alcunha de China. Locutor de carro de som, palhaço de pastoril, animador de festa de criança, comunicador capaz de conduzir até velório com alegria e polivalência de um mestre arlequim brincante nordestino. China é um desses artistas populares que são a expressão da vida, “no que ela tem de instigante, sensível, humana. O artista de rua contribui para bloquear, por um momento que seja, a dor no planeta terra e estancar o curso da violência”, conforme ensinava mestre Zezito, o palhaço Pitombeta, que já não ocupa esse picadeiro terreno.
China continua na ativa, cultivando a arte da simpatia e criando sua família no ofício de encantar o mundo. Seu filho, Alexandre Júnior, a quem não conheço pessoalmente, tornou-se artista visual. Como pintor de rua, Junior Pintyartes, marca escolhida pelo artista para assinar seus trabalhos, tem feito uma espécie de ponte que liga o passado ao presente em sua comunidade. Seguindo por esta trilha, Junior Pintyartes retrata painéis a céu aberto com figuras do mundo das artes em sua cidade, mamulengueiros e artesãos, poetas, brincantes e músicos, criadores que fizeram a história de Mari são retratados nas pinturas do filho de China. Talvez até inconscientemente, ele democratiza o aceso à arte, tendo como principal traço o cuidado de conceber nas obras que executa o vínculo dos marienses com sua comunidade.
Recentemente o jovem pintor envolveu seu trabalho com meu passado naquela cativante e amena urbe, uma espécie de antessala do brejo paraibano. Junior Pintyartes confeccionou enorme mural retratando uma locomotiva. Elaborou seu trabalho na parede da velha estação onde fui o último chefe dos caminhos de ferro naquela região. Um dia, recebi comunicado de que o trem não mais apitaria na curva. Deixaria de trafegar por falta de investimento e vergonha na cara dos que tiraram a força da locomotiva brasileira para servir a interesses alienígenas do imperialismo. Esse debate não cabe agora, quando vejo foto do mural na estação de Mari, a locomotiva chamando a atenção dos que entram na cidade, evocando o envolvimento econômico e cultural intenso que a ferrovia exerceu. O próprio Junior Pintyartes talvez jamais tenha visto uma locomotiva entrando no pátio da estaçãozinha de sua cidade. É como se o artista compactuasse com a memória coletiva de sua comunidade em seu processo de interatividade social.
Ao dialogar com a sensação de pertencimento, a arte do Alexandre Júnior mexeu comigo neste mural ferroviário, porque me aproximou da relação profissional e social que tenho com a estrada de ferro. Um dia me chamaram de poeta. “Sou ferroviário”, repliquei. Porque não era simplesmente um emprego. Era paixão. Está ali, na parede da antiga estação, o símbolo de uma época em que a locomotiva foi o indutor do desenvolvimento. A pintura realista de Junior Pintyartes é bastante concreta, sem firulas subjetivas. Uma máquina a diesel estacionada na plataforma da estação, em todo seu fascínio e magnetismo, tendo ao lado a “agulha da chave de mudança de via”, equipamento que direcionava o comboio, transferindo a composição para outros trilhos.
Na minha cabeça, enquadra-se bem a ideia de que a concepção canalha dos governos sobre caminho de ferro jogou esse modal para uma “linha morta”, desvio sem futuro. Ficou apenas o ferroviário com sua barra de bitola na mão, querendo medir suas emoções anacrônicas. O mural do filho de China acionou a complexa e duradoura sensação de entrar numa “curva deslocada” que todo ferroviário sente, ao recordar seu mister. Esse termo ferroviário refere-se à curva que saiu ou foi movida da posição primitiva, por qualquer causa ou objetivo. Vida de ferroviário é assim mesmo. Mais cedo ou mais tarde, todo mundo sai da linha. Descarrila. A obra do rapaz de Mari serve como “esforço de tração”, outro termo ferroviário que significa a força necessária para mover um trem sobre os trilhos. No caso, aciona nosso mecanismo de memória e reflexão
Repórter da Barata se
infiltra no esgoto dos patriotas e pede intervenção
RÁDIO
BARATA NO AR – EDIÇÃO 346