CARNAVAL TRISTE
(À memória de minha mãe Joana Costa)
Numa terça-feira de folia,
Quando a multidão se divertia ao léu,
Em meio ao fervilhar daquela orgia,
A alma de minha mãe subiu ao céu.
O carnaval a todos contagia,
Indiferente à minha ingente mágoa.
Por isso mesmo ninguém percebia
Os meus olhos marejados d’água.
Triste ironia que me irrita a alma,
Enchendo de revolta o coração:
É que nenhum tambor da festa se acalma.
Quando o cortejo fúnebre passava,
Sem respeitar a minha comoção,
A multidão cada vez mais brincava.
Arnaud
Costa