terça-feira, 2 de julho de 2024

Poeta centenário

 


Em 18 de maio de 2020 faleceu em Guarabira o poeta cordelista, violeiro, xilogravador e Mestre da Cultura Ismael Freire da Silva. A prefeitura local registrou o desaparecimento do artista que estava radicado em Guarabira desde 1940, “onde desenvolveu toda a sua produção artística e deu voz à cidade e ao povo com um legado que ficará para a história e os admiradores das futuras gerações”.

Ismael Freire nasceu no dia 30 de julho de 1924. No dia 3 de maio deste ano, a Academia de Cordel do Vale do Paraíba homenageou o poeta bananeirense em plena feira livre daquela cidade brejeira, durante sarau do Projeto Caravana do Cordel Brasileiro. O cordelista Gilberto Baraúna, de Pilões, disse na ocasião: “Queremos estar aqui nesta feira em julho para festejar o centenário desse grande poeta bananeirense”. Eu distribuí gratuitamente meu folheto “Cordel para Bananeiras” e prometi voltar à feira com um folheto sobre Ismael Freire no dia 30 de julho, data do centenário de nascimento. De fato, em alusão aos cem ano do nascimento de Ismael Freire e em honra da sua memória, lançarei o folheto “Poetas de Bananeiras”, onde registro fatos sobre a vida desse homem simples e fecundo criador, uma das principais figuras do cordel brasileiro produzido na Paraíba, onde nasceu esse gênero. 

Não há de se negar a importância e o papel de Ismael Freire no cordel brasileiro, nascido em Bananeiras, cidade onde também veio ao mundo João Melchíades Ferreira da Silva, outro monstro sagrado deste gênero. Como sócio efetivo da Academia Bananeirense de Letras e Artes, estou propondo algumas ações por parte das entidades públicas e privadas de Bananeiras, envolvendo inclusive os estudantes da rede de ensino, com o fito de incentivar o conhecimento da vida e da obra do escritor entre os alunos e o público em geral. Quem sabe, um concurso municipal de poesia. Sei que o prazo é exíguo, temos menos de 30 dias, mas vale a pena o esforço para que o poeta seja lembrado em sua terra natal, um dos grandes personagens na história cultural da cidade. Como disse o cronista Alvaro L. Costa Correa, lembrar do artista é dar à sua obra a permanência que merece. É mantê-lo, de alguma forma, aqui entre nós.

Morador do município há quatro anos, já produzi um folheto contando a história de Bananeiras, onde se faz um passeio pela história desta cidade de 21 mil habitantes, situada na região do Brejo paraibano, que já foi o maior produtor de café do Nordeste até o começo do século vinte, o que tornou a cidade mais rica da região, expressa ainda hoje na arquitetura dos seus oitenta casarões ainda preservados. Quis fazer essa homenagem à terra dos poetas Ismael Freire e João Melquíades Ferreira da Silva, e agora apresento o cordel “Poetas de Bananeiras” no centenário de Ismael.  

Ismael Freire da Silva

Um vate que idolatro

Nasceu em 30 de julho

Do ano de 24

Sua vida dá um filme

Ou uma peça de teatro.

 

No ano dois mil e vinte

Se deu o falecimento

Desse artista celebrado

Pelo versátil talento

Viveu 96 anos

Transformou-se em monumento.

 

Foi poeta cordelista

E um mestre violeiro

Como xilogravurista

Dominou o seu terreiro

Como editor/produtor

Deste cordel brasileiro.

 

Sua terra Bananeiras

Fica devendo homenagem

Mesmo depois que o poeta

Fez sua grande viagem

Resgatando a memória

Do bardo e sua imagem.

 

 

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