sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Brasil é fatal


Em busca de uma certa verdade, ando sempre com o passaporte em dia para o país dos sonhos, casado que sou em terceiras núpcias com a insanidade que eu gosto de chamar carinhosamente de criatividade. Adorando saber que o poeta Pádua Gorrion tem a mania de ler estas crônicas da Toca, fiquei de atualizar o blog só para esse mancebo que conheci na cidade Itatuba, porque o cabra me dá muita força. Acho que é isso.

Bonito, esse negócio da gente ter amigos que compartilham nossos distúrbios literários. Embora satanizada por elementos da qualistria de Maciel Caju, a Toca do Leão nunca foi nem será um canal de esquizofrenia como maldosamente denunciou o falso poeta Caju. Em tempo: a palavra “qualistria” não existe na língua portuguesa, mas eu ouvi muito minha vó Joaninha falar, e se ela usava o termo, claro que ele subsiste na língua dos povos antigos. Sinto-me na obrigação de preservar. Esse Caju, para dizer o mínimo, é um cafuçu de marca maior, sem maiores referências morais.

O que eu quero dizer mesmo? Qual era o tema desta quase crônica? Sim, uma das minhas maiores bandeiras é não dar bandeira pra gente do naipe desse Caju e do vampiro brasileiro Michel de Marcela. Não quero graça com esse povo, banalizadores do mal do quadradismo e do atraso. Veja que o Temeroso quer retardar o Brasil em duas décadas, como se já não fosse a “pátria tão distraída” um poço do passadismo do pior quilate.

Para zombar de quem desdenha de nossa cidadania, criamos um quase programa de rádio web chamado Multimistura que vai ao éter na internet, a partir das nove horas da manhã na Rádio Zumbi (www.radiozumbijp.blogspot.com)

Não sei se foi nesse desfile interminável de besteirol do Multimistura ou em outra cena, eu relatei outro dia o caso do vigilante do Fórum que me chamou em particular:

--- Senhor, essa estante que vocês botaram aqui no Fórum pra troca de livros é uma coisa boa, mas o povo ta tirando livros e não deixa outros no lugar. Eu contei 85 livros e agora só tem 30. Envergonhadamente, tenho que admitir que o Brasil é fatal!

“O Brasil é fatal”... Fiquei matutando sobre a frase do vigilante do Fórum. É impressionante como somos cafajestes, sem a menor cerimônia. O cara Testemunha de Jeová pega bons livros que eu disponibilizo nesse projeto Biblioteca Viva e deixa folhetos de sua religião, isso diariamente. O patife nem se toca que não aceitamos esse tipo de proselitismo, mesmo lendo no banner ao lado do expositor de livros. Fatal! Predestinado a ser inevitavelmente safardana, cara de pau. “Brasil só tem tamanho e safadeza”, dizia meu tio Zé do Pão.

Mas, e sempre tem um porém, nesse paraíso do jeitinho malandro, mora gente decente e honrada. Eis que recebo convite do mestre Tião Lucena para pegar livros de sua produção e distribuir em nossos expositores. “Você é um herói”, disse-me Tião. “Sair por aí distribuindo livros é ideia de paladinos, isso deve ser algum tipo de karma, você deve ter tocado fogo em alguma biblioteca em vidas passadas”. Eu replico ao compadre Tião que não sou dado ao budismo, no máximo sou adepto do bundismo. (No sentido de cultuar essa bela anatomia feminina). Isso de espalhar livros é muita falta do que fazer e livro precisa circular. Adoro livros, sou guardador de mais de dois mil exemplares e meu prazer é dar oportunidade para que eles sejam lidos. Haverá o dia em que o livro será obrigatório nas escolas. Não exigido por nenhum decreto escolar, mas induzido por professores leitores, coisa rara. De dez educadores, apenas dois gostam de ler. Um pedagogo deveria carregar dentro de si a responsabilidade inata de promover o encontro dos jovens com esse mundo da leitura, potencializando as ações neste sentido. Infelizmente, continuaremos a ser um país “fatal”, pelo menos por mais vinte anos, se cumprido o desejo da governança farsante e renegada.


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