sábado, 19 de novembro de 2011

“Eu ajudei a destruir Itabaiana”


Águas imundas invadem ruas de Itabaiana. O mar de lama foi fotografado por Marconi Lucena

Às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Rio de Janeiro “ocupa” a favela da Rocinha em busca dos traficantes de drogas, depois de mais de vinte anos de tolerância. O jornalista carioca Sylvio Guedes escreveu artigo em que ironiza e mete o dedo na ferida, acusando a elite carioca de ter começado a onda das drogas e criado o mercado para a expansão desse câncer que corrói o tecido social. “A cocaína entrou pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon. Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias. Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco,” escreve o jornalista.

A lei da oferta e da procura fez o resto: com a demanda, a oferta apareceu. Os lascados das favelas viraram ricaços do tráfico e arrastaram a juventude para a miséria do mundo das drogas. Hoje destroem famílias e acabam com o futuro das pessoas. O jornalista aponta a mídia, os artistas, os intelectuais e os da elite social como culpados por essa realidade. “Que eles venham a público assumir: eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro”. 

Lendo esse artigo, pensei nas décadas de atraso, corrupção, mal gerenciamento, incompetência e irresponsabilidade dos prefeitos de Itabaiana, que levou a cidade à decadência atual. A droga da corrupção é tão ou até mais cruel que a cocaína, pois a roubalheira de dinheiro público atrasa e empobrece as comunidades. Deixamos de crescer porque os recursos deixaram de ser investidos em atividades produtivas. Literalmente, corrupção mata. Talvez mais do que a droga. 

Seguindo o raciocínio do jornalista Sylvio Guedes, diante do efeito devastador de tantos anos de incúria, desleixo e negligência com a nossa cidade, é de se fazer o apelo para os cidadãos e cidadãs itabaianenses que votaram nos prefeitos das últimas décadas para que façam um adesivo e preguem nos vidros dos seus carros: “eu ajudei a destruir Itabaiana”.

Um comentário:

  1. Oi Fábio: É pertinente seu comentário sobre a presença das drogas na sociedade abonada do Rio de Janeiro.Os alucinógenos tiveram sua recepção nas classes mais favorecidas, não resta a menor dúvida. Dai sua expansão e a dificuldade de impor uma fiscalização com resultado satisfatório. Primeiro anunciam que vão invadir o morro da Rocinha para, com a certeza de que lá não existe mais ninguém, entrarem livremente, "sem dar um tiro". Parece coisa combinada. Dizem que o traficante "Nem" nasceu em Bananeiras, onde tem familiares, todos pessoas do bem. Um bom fim de semana e um abraço de Lourdinha

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