Geraldo Xavier de Oliveira nasceu a 14/03/1951 em Itabaiana (PB). Fez o primário no Grupo Escolar Professor Maciel e concluiu o primeiro grau no Ginásio Estadual de Itabaiana. Foi alfabetizador de adultos (Cruzada ABC) e aprendeu artes gráficas na tipografia do jornal A Folha. Exerceu diversas profissões e cursou durante algum tempo a Faculdade de Direito (UFPB), Administração (UESB) e Sistema de Informação (FTC). Graduou-se aos 57 anos em História (UESB) com monografia sobre o folheto como transmissor de saberes históricos; fez pós-graduação em História: Política, Cultura e Sociedade, apresentando trabalho sobre Zé da Luz e o Analfabetismo.
Ganhou o prêmio Zélia Saldanha (2001) na categoria Romance com o livro “Um olhar para trás”. Tem vários livros inéditos. É membro da Academia Conquistense de Letras (1994) e da Academia Poçoense de Letras e Artes (2009). Alguns trabalhos seus (de humor) estão sendo divulgados pelo jornal Folhas Solta (mensal) e os blogs Cidade em Foco e Brasil Digital.
Elas virão
Tentei rimar política com ética
mas a rima não saiu.
Analisei sob a ótica
da organização caótica,
meu esforço foi em vão.
Até parece Conceição
"ninguém sabe, ninguém viu".
Assim o estro sumiu
no seio da leviandade.
Tentei rimar política
com honestidade
o resultado foi nulo.
Como tem sido minha luta
de eleitor, filho da pátria.
Mas um vez me anulo
diante da nulidade.
Procurei em vão um mínimo
de seriedade no pleito.
Não achei.
Ou não procurei direito
ou segui o caminho errado,
mas o resultado foi o mesmo:
eu não sei procurar.
Assim, estou eu,
diante da máquina
que me informam inviolável.
O que será do cantador de viola?
Que me informam indevassável.
O que será dos devassos?
Quem me informam impossível
de identificar meu voto.
Mas o tempo, nosso tempo,
também é o tempo da máquina.
Assim, se localizam no tempo
meu título,
localizam meu voto.
É tudo uma questão de tempo.
Minutos, segundos, nanossegundos,
tudo está lá registrado.
É só querer.
Basta verificar o input
do meu número
e seguir:
meu voto virá depois.
É tudo uma questão de tempo.
E na máquina, todo input é
cronometrado
religiosamente.
Basta seguir a lógica booleana.
Esse papo de urna segura,
como diria o grande Ruy:
"constitui solilóquio para colocar bovinos nos braços de Morfeu".
Eu vi
Como o velho índio de Gonçalves Dias,
“Meninos, eu vi!”
As portas do céu se abrindo,
Os anjos todos saindo
(ou fugindo, não sei!)
Num maravilhoso dia lindo.
“Eu vi!”
Um mundo sem guerra,
Onde todos tinham terra
Para colher e plantar
(mesmo que fosse o fruto proibido).
“Eu vi!”
Um mundo sem a volta da censura prévia,
Sem perseguição a quem não aceita o sistema,
Sem fazer da miséria palanque e poema,
Sem corromper a menina Iracema.
“Eu vi!” Com certeza, “Eu vi!”
Os anjos prometendo a paz
(mesmo que seja a quem der mais)
Sem falcatruas e mamatas,
Sem mentiras e “cascatas”,
“Meninos, eu vi!”
Sem enriquecimento ilícito
Do Rei, de parentes, compadres e amigos,
Sem a im(P)unidade como castigo,
Apenas, “Eu vi!”
Sem as mentiras dos mesmos
Salvadores da pátria,
Exploradores dos enfermos,
Dos pobres, dos pedintes
(e ouvintes),
“Eu vi!”
A verdade nua e crua,
Lamentavelmente nua,
Como na “profecia” de Ruy:
A honestidade não é crime,
O homem honesto redime
Os males dos que não são,
(sem as mentiras dos mesmos
...
e ouvintes),
É triste ter que admitir, mas
“Meninos, eu vi!”
Era sonho, pesadelo,
Inconsciência,
Enlevo?
Não. Nada disso,
Era, afinal
O HORÁRIO ELEITORAL!
mas a rima não saiu.
Analisei sob a ótica
da organização caótica,
meu esforço foi em vão.
Até parece Conceição
"ninguém sabe, ninguém viu".
Assim o estro sumiu
no seio da leviandade.
Tentei rimar política
com honestidade
o resultado foi nulo.
Como tem sido minha luta
de eleitor, filho da pátria.
Mas um vez me anulo
diante da nulidade.
Procurei em vão um mínimo
de seriedade no pleito.
Não achei.
Ou não procurei direito
ou segui o caminho errado,
mas o resultado foi o mesmo:
eu não sei procurar.
Assim, estou eu,
diante da máquina
que me informam inviolável.
O que será do cantador de viola?
Que me informam indevassável.
O que será dos devassos?
Quem me informam impossível
de identificar meu voto.
Mas o tempo, nosso tempo,
também é o tempo da máquina.
Assim, se localizam no tempo
meu título,
localizam meu voto.
É tudo uma questão de tempo.
Minutos, segundos, nanossegundos,
tudo está lá registrado.
É só querer.
Basta verificar o input
do meu número
e seguir:
meu voto virá depois.
É tudo uma questão de tempo.
E na máquina, todo input é
cronometrado
religiosamente.
Basta seguir a lógica booleana.
Esse papo de urna segura,
como diria o grande Ruy:
"constitui solilóquio para colocar bovinos nos braços de Morfeu".
Eu vi
Como o velho índio de Gonçalves Dias,
“Meninos, eu vi!”
As portas do céu se abrindo,
Os anjos todos saindo
(ou fugindo, não sei!)
Num maravilhoso dia lindo.
“Eu vi!”
Um mundo sem guerra,
Onde todos tinham terra
Para colher e plantar
(mesmo que fosse o fruto proibido).
“Eu vi!”
Um mundo sem a volta da censura prévia,
Sem perseguição a quem não aceita o sistema,
Sem fazer da miséria palanque e poema,
Sem corromper a menina Iracema.
“Eu vi!” Com certeza, “Eu vi!”
Os anjos prometendo a paz
(mesmo que seja a quem der mais)
Sem falcatruas e mamatas,
Sem mentiras e “cascatas”,
“Meninos, eu vi!”
Sem enriquecimento ilícito
Do Rei, de parentes, compadres e amigos,
Sem a im(P)unidade como castigo,
Apenas, “Eu vi!”
Sem as mentiras dos mesmos
Salvadores da pátria,
Exploradores dos enfermos,
Dos pobres, dos pedintes
(e ouvintes),
“Eu vi!”
A verdade nua e crua,
Lamentavelmente nua,
Como na “profecia” de Ruy:
A honestidade não é crime,
O homem honesto redime
Os males dos que não são,
(sem as mentiras dos mesmos
...
e ouvintes),
É triste ter que admitir, mas
“Meninos, eu vi!”
Era sonho, pesadelo,
Inconsciência,
Enlevo?
Não. Nada disso,
Era, afinal
O HORÁRIO ELEITORAL!
Geraldo Xavier
Do livro inéidto "O arco-íris noturno"
Nenhum comentário:
Postar um comentário