CENA FINAL
Moribundo
reviverei
nossas vidas
num segundo
Fotograma
desconexo
cenas de
insensatez
e de bom sexo.
Um frágil rolo
de fita virgem
de desconsolo.
* * *
Terror em vão
o grito de
desespero
do pavão.
* * *
ALDRAVIA II
Hora
do
rush
não
empurre
puxe
* * *
No limiar da
independência
espero a morte
com paciência
* * *
SEM PALAVRAS
Falha de
comportamento
quanto mais
minto
menos invento
* * *
Neste impreciso
momento
quero explicar
o mundo
sem argumento
* * *
Me sinto
superior
não escrevo
livros
sou leitor
* * *
Sem
consideração
teu sangue
bombeia
meu coração
* * *
Cheio de ódio
o copo abriga
açúcar e sódio
* * *
UM MINUTO PARA
OS COMERCIAIS
Com água ou com
soda
beber uísque
Drurys
é foda
* * *
ALDRAVIA III
Verão
existe
subalterno
para
justificar
inverno
* * *
Silêncio pesado
inimigos e
mudos
lado a lado
* * *
Como hospedeiro
agiota duplica
germe dinheiro
* * *
Não sou muito
versado
no exercício do
verso
enversalhado
* * *
BOLSONARIANAMENTE
Como um soldado
hostil
nos remete para
a puta
que o pariu.
Soldadinho de
corda
siga o fascista
e sua horda.
* * *
ALDRAVIA IV
Povo
burguesia
um
fede
outro
procria
* * *
VIRGEM
Era uma bunda
bonita
sem que jamais
tenham visto
a cor da chita
* * *
PICHE DE MURO
CORROMPIDA
OFENDIDA
HUMILHADA
FODIDA
NAÇÃO MULHER DA
VIDA
* * *
PARA PEDRO
FAZENDEIRO
Em sua passagem
pela terra
Aprendeu que o
bom cabrito
É o que mais
berra
* * *
INQUISIDORES E
CONFESSORES
Mysterium fidei
um deus
sacramentou
o crime e a
lei.
O deus da salsa
ardente
Despeja seu
fogo inócuo
Na bunda do
crente.
Finalmente
virou pó
o esqueleto
infiel
da mulher de
Ló.
Concílio de
Trento
se não há
inferno
eu invento.
Condenado à
fogueira
o inferno
Nagasaki
rompeu
fronteira.
Minha fé
escassa
se dilui
entre essa
massa.
Tempos
imemoriais
quando o diabo
era rapaz.
Mistérios da fé
para remir os
pecados
tomo café.
* * *
MANIFESTO
Destruída a
casta
das autoridades
o povo se
basta?
* * *
Fruta nação
com leve cheiro
de podridão.
* * *
Com a morte do
aparelho
paciente
descansa
por inteiro.
F. Mozart
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