Cristovam Tadeu no
Dia da Criação
O poeta Vinicius de Moraes, mestre da boemia como Tadeu, diz e rediz, desde 1946, em versos, como se fossem uma jaculatória de ladainha, que tudo que aconteceu ontem foi porque era sábado. Até "(...) Os bares repletos de homens vazios, / Todos os namorados de mãos entrelaçadas, / Todos os maridos funcionando regularmente, / Todas as mulheres atentas"; e continua, "(...) Há um casamento / Há um divórcio e um violamento / Porque hoje é sábado ".
"Impossível fugir a essa realidade", morreu Cristovam Tadeu porque era sábado. Luana, sua jovem filha, estranhou que não tivesse acordado cedo como em todas as manhãs, continuando pesado sono, dormindo e transformando domingo, segunda, terça, quarta, quinta e sexta num só dia; tudo tinha virado sábado, só sábados sem necessidade de contar o tempo, sem denominar os outros dias. Apenas contradisse o poeta: As mulheres, que tanto lhe prestavam atenções, não estavam atentas ao que, na sua cama, ocorria; com certeza, tentariam acordá-lo e não deixá-lo dormindo para amá-lo. Encontrariam pretextos, haveria compromissos na Rádio Tabajara, algum show ou teatro infantil no Santa Roza. Desatentas, na certeza que ele se acordaria, deixaram que ele descansasse...
Mas, como profetizava o poema, tinha ele iniciado "um espetáculo de gala" porque era sábado; sem intermezzo, mais longo do que qualquer ópera; dramático, trágico: O protagonista que sempre nos fazia sorrir, deixou-nos chorando. Enfim, diante dos seduzidos e das seduzidas, Cristovam assumia o papel de "um sedutor que tomba morto (...)/ Há uma tensão inusitada", exatamente após a sexta-feira. No velório, "(...) damas de todas as classes, / Umas difíceis, outras fáceis", entre homens com e sem qualidades, olhando Cristovam partir, sem perspectiva de domingo, no sétimo dia da criação, imitando perfeitamente à imagem e à semelhança do Ressucitado. Morreu porque era sábado, se fosse Domingo de Páscoa, como hoje, teria apenas ressuscitado...
O poeta Vinicius de Moraes, mestre da boemia como Tadeu, diz e rediz, desde 1946, em versos, como se fossem uma jaculatória de ladainha, que tudo que aconteceu ontem foi porque era sábado. Até "(...) Os bares repletos de homens vazios, / Todos os namorados de mãos entrelaçadas, / Todos os maridos funcionando regularmente, / Todas as mulheres atentas"; e continua, "(...) Há um casamento / Há um divórcio e um violamento / Porque hoje é sábado ".
"Impossível fugir a essa realidade", morreu Cristovam Tadeu porque era sábado. Luana, sua jovem filha, estranhou que não tivesse acordado cedo como em todas as manhãs, continuando pesado sono, dormindo e transformando domingo, segunda, terça, quarta, quinta e sexta num só dia; tudo tinha virado sábado, só sábados sem necessidade de contar o tempo, sem denominar os outros dias. Apenas contradisse o poeta: As mulheres, que tanto lhe prestavam atenções, não estavam atentas ao que, na sua cama, ocorria; com certeza, tentariam acordá-lo e não deixá-lo dormindo para amá-lo. Encontrariam pretextos, haveria compromissos na Rádio Tabajara, algum show ou teatro infantil no Santa Roza. Desatentas, na certeza que ele se acordaria, deixaram que ele descansasse...
Mas, como profetizava o poema, tinha ele iniciado "um espetáculo de gala" porque era sábado; sem intermezzo, mais longo do que qualquer ópera; dramático, trágico: O protagonista que sempre nos fazia sorrir, deixou-nos chorando. Enfim, diante dos seduzidos e das seduzidas, Cristovam assumia o papel de "um sedutor que tomba morto (...)/ Há uma tensão inusitada", exatamente após a sexta-feira. No velório, "(...) damas de todas as classes, / Umas difíceis, outras fáceis", entre homens com e sem qualidades, olhando Cristovam partir, sem perspectiva de domingo, no sétimo dia da criação, imitando perfeitamente à imagem e à semelhança do Ressucitado. Morreu porque era sábado, se fosse Domingo de Páscoa, como hoje, teria apenas ressuscitado...
Damião Ramos Cavalcanti
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