terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Foi embora mais um do meu bloco



Convivi com ele durante minha adolescência em Itabaiana. Morreu meu compadre Roberto da Sucan no tempo do carnaval, cenário das evocações mais vivas e alegres desse folião. Animado pela paixão vital e contagiante, Roberto da Sucan vivia em festa. Com seu violão, seu senso de humor, entusiasmo juvenil e amor pela vida, tocou a Jovem Guarda de boteco em boteco, até parar o coração.

Esse carnaval será triste para os amigos de Roberto da Sucan. Um minuto de silêncio pela morte de um homem alegre, que morreu cantando as paixões.
A última vez que o vi foi no bar de Osvaldo, no bairro Ernesto Geisel. Eu, ele e o outro Roberto, o Palhano.  Em dado momento, foi em casa pegar o violão. Passamos em revista seu repertório da Jovem Guarda e as recordações de nossas vidinhas boas na velha Itabaiana. Tudo parece tão distante.

A morte leva os nossos e nos deixa num imenso desamparo. Eu vejo a morte como a noite, de quem tenho um medo irracional. Quando chegam as sombras da noite, parece que entro em um terrível pesadelo. Penso na noite quase como um terror. A morte é uma noite que suga nossos amigos.

Até breve, compadre Roberto. Vou marcar uma farra com Palhano. Levarei meu violão pra cantar aquelas modinhas do repertório do finado. Essa é a recordação que deve permanecer. Mas de dia, porque à noite tenho receios que sei infundados, mas o cérebro atribulado não quer se livrar da noitefobia aguda.

Quando chegar ao andar de cima, Roberto da Sucan será recebido por meus compadres Fernando Barros e Artur Fumaça, dois craques violeiros, com sorrisos de boas vindas e acordes de uma canção de Renato e seus Blue Caps.
 
"Os amigos são a família que nos permitiram escolher"
Shakespeare

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