Convivi com ele durante minha adolescência em Itabaiana. Morreu meu compadre Roberto da Sucan no tempo do carnaval, cenário das evocações mais vivas e alegres desse folião. Animado pela paixão vital e contagiante, Roberto da Sucan vivia em festa. Com seu violão, seu senso de humor, entusiasmo juvenil e amor pela vida, tocou a Jovem Guarda de boteco em boteco, até parar o coração.
Esse carnaval será triste para os amigos de Roberto da Sucan. Um minuto de silêncio pela morte de um homem alegre, que morreu cantando as paixões.
A última vez que o vi foi no bar de Osvaldo, no bairro Ernesto Geisel. Eu, ele e o outro Roberto, o Palhano. Em dado momento, foi em casa pegar o violão. Passamos em revista seu repertório da Jovem Guarda e as recordações de nossas vidinhas boas na velha Itabaiana. Tudo parece tão distante.
A morte leva os nossos e nos deixa num imenso desamparo. Eu vejo a morte como a noite, de quem tenho um medo irracional. Quando chegam as sombras da noite, parece que entro em um terrível pesadelo. Penso na noite quase como um terror. A morte é uma noite que suga nossos amigos.
Até breve, compadre Roberto. Vou marcar uma farra com Palhano. Levarei meu violão pra cantar aquelas modinhas do repertório do finado. Essa é a recordação que deve permanecer. Mas de dia, porque à noite tenho receios que sei infundados, mas o cérebro atribulado não quer se livrar da noitefobia aguda.
Quando chegar ao andar de cima, Roberto da Sucan será recebido por meus compadres Fernando Barros e Artur Fumaça, dois craques violeiros, com sorrisos de boas vindas e acordes de uma canção de Renato e seus Blue Caps.
"Os amigos são a família que nos permitiram escolher" Shakespeare
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