Na foto, meu professor de História, Dr. Idalmo da Silva, advogado que nunca exerceu a profissão, ator amador, filósofo e propagador do holismo. Meu leitor não sabe o que é holismo? Eu também não sabia, por isso fui ao Aurélio. Vá você também.
Meu compadre Idalmo veio à minha casa dizer que leu o livro “A Voz de Itabaiana e outras vozes” e que está escrevendo uma resenha sobre o bicho.
Eu e Idalmo já filosofamos muito em mesa de cabaré. Ele já foi marxista, trotsquista, anarquista e cachacista. Se não mudamos o mundo, mudamos a nós mesmos e hoje somos mais condescendentes com a humanidade, sem perder, entretanto, aquela chama da filosofia de um Aristóteles ou de um Sócrates, para a qual a felicidade do indivíduo só é possível por meio da ventura e o contentamento dos outros.
Aproveitei a presença do caboclo Idalmo para filmar seu depoimento sobre o Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana que comemora 35 anos de fundação. Ele foi um dos tais artistas amadores do primeiro grupo getiano, nos anos setenta.
Idalmo sempre foi um cara anticonvencional. Ensinava história sem exigir decoreba de datas ou episódios da vida de personalidades. Dizia que isso era para história cronológica ou para biografias. Ele trabalhava com a filosofia da História, coisa perigosa nos anos de chumbo da ditadura. Foi expulso do Colégio Estadual de Itabaiana, episódio que conto em meu livro. Idalmo fazia as pessoas pensarem, num período em que pensar era perigosíssimo.
Um sujeito apaixonado pela poesia de Augusto dos Anjos, para ele o maior poeta de todos os tempos, maior do que Camões, Fernando Pessoa, Drummond ou William Shakespeare. Um espírito rebelde, que reflete em sua própria maneira de viver aquilo que pensa. Humilde, não tem carro nem celular, não usa computador, não calça sapatos nem veste roupas atuais. Espontaneidade e despreconceito, isso resume o mestre Idalmo, um intelectual autêntico a quem tenho a honra de ter como amigo.
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