Quando a gente ta caipora o azar só vem de ruma
Saco seco não se apruma
Sabão ruim não faz espuma
Quando a gente ta caipora
O azar só vem de ruma
Essa quadra é uma das falas do Diabo, personagem da minha peça “A peleja de Lampião com o Capeta”; Lembrei do verso ontem, em Itabaiana. Visitei a terra de Orlando Otávio para tentar vender meu livro “A voz de Itabaiana e outras vozes” e fui surpreendido pela fortuna adversa. Na chegada, um rapaz montado em motocicleta da Energisa assustou-se com meu carro, freiou e caiu. A polícia foi chamada para mediar o conflito de trânsito. Se bem que colisão não houve, muito menos discussão.
Tudo acertado, preparava-me para a missão de vendedor de mercadoria ruim quando sou abordado por Biu Penca Preta. O matraqueado irmão de João Corninho ofereceu-se para vender os livros em troca de pequena comissão. Fiz ver ao meu compadre Biu a total inoportunidade dessa parceria, por dois motivos: 1) muito provavelmente eu não veria um centavo das vendas; 2) Biu costuma vender as coisas nas bodegas da rua do Carretel e nos bares “pé-sujo” do mercado público, locais onde vender livro seria como fazer negócio com geladeira no pólo sul.
Relembrei a história do marchante em fim de feira na mesma cidade de Itabaiana. O rapaz já se preparava para desmontar a tenda e guardar as carnes que sobraram, quando aparece Biu Penca Preta falando dois quilos de carne fiado. O vendedor: “Biu, eu já tou salgando a carne pra não perder, vou lá vender fiado a tu!”.
Fazendo figa, vou para o estúdio do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar para gravar o programa “Resenha Cultural”. Meus técnicos são todos aprendizes, com um jeitão danado de curiosos, sem conhecimento teórico ou prático de radialismo. Resultado: o dia todo gravando, e no final a coisa desandou, não deu certo.
No fim do dia, vendi um livro. Fiado.
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