O cineasta itabaianense Vladimir Carvalho sobre o poeta pilarense Antonio Costta: “Antonio cresceu e se entendeu de gente em comunhão profunda com a paisagem a seu redor, em meio às gentes do povo, na dura faina da roça, na escola da velha palmatória, nas festas religiosas, nas procissões e nas cheias do rio Paraíba do Norte que banha a sua Pilar natal – vivendo o mesmo mundo que marcou a vida e a obra do grande José Lins do Rego, seu conterrâneo. Foi esse repositório de sensações e lembranças que tem virado matéria prima para a produção lírica de Antonio Costta.”
Assim como Costta, muita gente boa se entendeu de gente e de artista na beira do rio Paraíba. Zé da Luz cantou a saudade da cheia do nosso rio. A narrativa dos tempos fabulosos e heróicos dessa terra passa pelo rio. Foi em sua margem que se deu a batalha do riacho das Pedras, a mais importante luta pela independência do Brasil em terras paraibanas. Virou mito esse rio Paraíba do Norte, ele que vem como um fiozinho de nada a mais de mil metros de altitude na Serra de Jabitacá em Monteiro, nos confins do cariri, desce toda a Paraíba. Em alguns trechos seu leito desaparece em épocas de seca, para retomar seu caminho até desaguar no oceano Atlântico, passando por tantas cidades importantes e produzindo vida, riqueza, revitalizando a flora e a fauna, como centro de um ecossistema. No seu estuário, recebe dezenas de desembocaduras de outros rios, dando força aos manguezais.
O homem paraibano, o vivente dessas terras tabajarinas tem uma relação muito forte com o rio Paraíba do Norte. Esse curso d'água faz parte da estrutura social inconsciente de um povo, é um componente de nossa composição mental, é, portanto, um fato cultural da maior importância. Em Itabaiana, nossos momentos míticos, nossa tradição e cultura têm o rio como componente básico, é peça fundamental no nosso estatuto sociológico.
Pois bem, esse rio está sendo agredido por quem deveria protege-lo. Estão manipulando o meio ambiente na intenção de obter lucro financeiro. A mineração de areia acaba gerando inúmeros impactos sócio-econômico-ambientais muito negativos. As areias do rio Paraíba são bens sócioambientais. É urgente a sua proteção. Não podemos aceitar a perpetração desse crime que atinge tanto o ser humano como o ambiente em que vive.
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