Um sujeito doente tem um apelo universal. Por meio desta Toca, tenho dito que estou mais tenso do que corda de piano, doendo-me partes do corpo que eu nem sabia que tinha. Confissões que atraíram muitas mensagens de leitores, a maioria para lamentar o uso do blog para essas queixas particulares. Numa época de problemas prementes como a ameaça nuclear entre as duas Coréias, o "reality show", da Rede Globo e a eleição de Tiririca, quem quer saber dos meus problemas? É verdade que estou sofrendo mais do que passarinho em mãos de menino. E tive um choque de realidade ao descobrir que não tenho a mínima importância na ordem do dia.
Os poderes constituídos fiquem, pois, sabendo que não falarei mais de meu quadro clínico nesta Toca. Mas antes dizer que fui ao médico, e quando vou visitar esse profissional me sinto como um garoto a caminho de uma surra. Apesar de ter 55 anos, nunca cresci de fato.
Leitor amigo comenta sobre a ideia de Deus e o Diabo, analisando que “criamos os mitos como escudos contra eventos ameaçadores, sobre os quais não temos nenhum controle”. Faz sentido.
Outro internauta estranha minha mania recente de falar em santos, querendo acreditar que eu, na iminência de vir a não-ser, passei a devorar Bíblia, breviários e catecismos como se estudasse para uma prova final. Não é o caso. Tento manter a racionalidade. Mas sem deixar de citar o santo do dia, São Simeão Estilita, um asceta do início do cristianismo que passou a vida sobre uma alta coluna, pregando para as multidões. Sentia-se protegido de cima de sua coluna. Se dissesse alguma coisa que ofendesse a alguém, seria difícil chegar até ele. Quando não havia ninguém por perto, descia para comer alguma coisa e ir ao banheiro, que ninguém é de ferro.
Acho que sou um São Simeão Estilita abobalhado. Queria dizer ao mundo exatamente o que penso sem que ninguém reagisse. Depois de três processos judiciais, eu ainda acredito que estou completa e absolutamente certo, como pensava o santo católico e outros cabeçudos, mas agora sou mais comedido. Pude ver que essa coluna em que estou alçado é muito mais acessível do que imaginava.
Outro leitor foi mais forte: “deixe de chafurdar na autocomiseração”. Eu sou mesmo um tanto patético. A gente precisa aprender a viver com os erros.
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