Essa história eu gosto de contar para sentir a sensação de pasmo, a cara de espanto, o jeito de quem não acredita muito da outra pessoa, o tal interlocutor. O conto verídico se chama “propina fiado”. Já ouviu falar em gorjeta que se paga na blitz quando seu carro está com documentos atrasados? Para evitar burocracia... É o jeitinho brasileiro. A propina vai do real pago ao policial mal pago até os R$ 10 mil pagos por Joaquim Roriz, ex-governador de Brasília, pelo silêncio de um laranja em seus negócios, para facilitar a aprovação de sua candidatura ao governo do DF, barrada por causa da Lei Ficha Limpa.
Foi num domingo de chuva. O carro estava quebrado e ele deveria ir a uma cidade próxima buscar a mulher que estava na casa do pai. Viajou de João Pessoa no carro do filho, sem saber que o bicho estava com emplacamento atrasado em dois anos. Na barreira da Manzuá, domingo chuvoso, a Polícia achou de parar o carro e pedir documentos. Contou a verdade: não sabia que o carro estava irregular, dirigia-se à casa do pai para atender a urgência (meia verdade) e não tinha nenhum centavo na carteira, porque os últimos vinte reais foram para o combustível. Mas prometeu repassar um agrado aos militares na volta. Depois do sargento fazer uma reunião de cúpula ali mesmo, no meio da pista e da chuva, os cinco policiais decidiram deixar passar o carro, desembaraçando extrajuridicamente o motorista.
-- O senhor parece ser um homem de bem. A gente vai confiar no senhor.
Foi. Na volta botou cinquenta reais (emprestados pelo velho) dentro de um livro. Parou do outro lado do asfalto. O soldadinho, ao lhe ver, saiu numa carreira tão veloz que quase ia sendo atropelado por um ônibus que passava no momento.
-- Obrigado, cidadão. Boa viagem! – disse o militar.
Eu não sei se o leitor da Toca sabe dessa estatística: um em cada três brasileiros que precisaram lidar com a polícia acabaram pagando propinas. Um terço dos brasileiros é corruptor e os demais são corruptos. Eu acredito que o governo encoraja a corrupção. Se a polícia ganhasse dignamente, não precisava pedir “toco” ao cidadão de bem.
E sobre a tal PEC 300, todo mundo sabe que isso foi um golpe eleitoreiro do Zé. Ele, o Zé, brinca com fogo. Não se faz isso a uma corporação de homens armados.
Voltando ao conto verídico, o corruptor assume sua culpa como autor de suborno a um funcionário público. "Os cidadãos dependem da polícia para protegê-los. Quando os guardiões estão à venda, algumas pessoas simplesmente perdem a confiança, outras assumem a lei com as próprias mãos", afirma Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional. O corruptor declara cinicamente; “Sou réu confesso, mas em pé porque o banco dos réus está ocupado e a fila é imensa! Só pagando toco pra garantir lugar...”
Foi num domingo de chuva. O carro estava quebrado e ele deveria ir a uma cidade próxima buscar a mulher que estava na casa do pai. Viajou de João Pessoa no carro do filho, sem saber que o bicho estava com emplacamento atrasado em dois anos. Na barreira da Manzuá, domingo chuvoso, a Polícia achou de parar o carro e pedir documentos. Contou a verdade: não sabia que o carro estava irregular, dirigia-se à casa do pai para atender a urgência (meia verdade) e não tinha nenhum centavo na carteira, porque os últimos vinte reais foram para o combustível. Mas prometeu repassar um agrado aos militares na volta. Depois do sargento fazer uma reunião de cúpula ali mesmo, no meio da pista e da chuva, os cinco policiais decidiram deixar passar o carro, desembaraçando extrajuridicamente o motorista.
-- O senhor parece ser um homem de bem. A gente vai confiar no senhor.
Foi. Na volta botou cinquenta reais (emprestados pelo velho) dentro de um livro. Parou do outro lado do asfalto. O soldadinho, ao lhe ver, saiu numa carreira tão veloz que quase ia sendo atropelado por um ônibus que passava no momento.
-- Obrigado, cidadão. Boa viagem! – disse o militar.
Eu não sei se o leitor da Toca sabe dessa estatística: um em cada três brasileiros que precisaram lidar com a polícia acabaram pagando propinas. Um terço dos brasileiros é corruptor e os demais são corruptos. Eu acredito que o governo encoraja a corrupção. Se a polícia ganhasse dignamente, não precisava pedir “toco” ao cidadão de bem.
E sobre a tal PEC 300, todo mundo sabe que isso foi um golpe eleitoreiro do Zé. Ele, o Zé, brinca com fogo. Não se faz isso a uma corporação de homens armados.
Voltando ao conto verídico, o corruptor assume sua culpa como autor de suborno a um funcionário público. "Os cidadãos dependem da polícia para protegê-los. Quando os guardiões estão à venda, algumas pessoas simplesmente perdem a confiança, outras assumem a lei com as próprias mãos", afirma Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional. O corruptor declara cinicamente; “Sou réu confesso, mas em pé porque o banco dos réus está ocupado e a fila é imensa! Só pagando toco pra garantir lugar...”
Gostei do artigo. Valeu
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