Não foi desta vez que eu cheguei ao poder. Lamento informar aos meus leitores que a chapa em que eu concorreria à direção do bloco carnavalesco Anjo Azul ficou na poeira. O povo votou num palhaço para o Congresso Nacional, mas se recusou a votar num Zé Ruela para a diretoria do glorioso Anjo. Recolho-me à insignificância dos sem mandato. Apesar de toda minha competência e seriedade, (só reconhecida por mim mesmo) não fui escolhido. Mas, pensando melhor, é justamente isso que parece ter sido fatal: quem quer um sujeito sério em um bloco de carnaval? Não sou suficientemente carnavalesco, apesar de líder inconteste de uma troça que tem figuras iguais a Madame Preciosa, Sonsinho, Ameba, Biu Penca Preta e o poeta das raparigas, Maciel Caju.
Chorei a derrota mamando numa garrafa de “Matuta”, matutando na minha curta e frustrada carreira política. Não inspirei confiança aos eleitores, apesar da cara de zé mané. Perdi a eleição por uma bobagem. Deveria ter dado mais atenção ao Ameba que me aconselhou: vai soltando a mão, vai dando propinas aos teus pretensos eleitores, vai prometendo mundos e fundos que isso é fundamental.
Perdi a eleição, mas não perdi minha história. Tenho no meu currículo a honra de ter sido batuqueiro na escola de samba Imperadores do Samba, de Zé Dudu, e ter saído como pastora do cordão encarnado na Lapinha de Djama Aguiar, quando existia carnaval num lugar por nome Itabaiana do Norte. Sou um carnavalesco aposentado, mas sou! Fui o fundador do bloco “É pequeno, mas vai crescer”, além de ter ajudado meu velho amigo Sonsinho a organizar sua prestigiada troça “Mamãe eu sou bicha”. Tenho currículo, só não tenho votos.
Na verdade, não me sinto humilhado pela derrota acaçapante (que quer dizer esmagadora). Até Cristo perdeu eleição, conforme vocês podem notar na ilustração deste post de ressaca.
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