sexta-feira, 5 de março de 2010
Mamãe eu quero...
Parece que o sonho do brasileiro é mesmo mamar nas tetas do governo. Quando o sujeito é adolescente, a família aposta no futuro investindo em concurso para o Banco do Brasil e outras instituições oficiais. É fundamental entrar no sistema para se tornar classe média com tudo que isso implica: ter poupança, cartão de crédito, carro e casa financiados, nome sujo no Serasa e SPC, plano de saúde e tudo o mais. Se for aprovado para o banco, vai trabalhar numa instituição que cobra 36% de juros ao ano, enquanto que a inflação no país é de apenas 3,5%. Não é muito diferente de ser “aviãozinho” do tráfico, pelo menos o lucro é quase igual, mas é chapa branca, oficial, legalizado, tudo conforme manda o capitalismo nosso de cada dia.
Mas se o sujeito não consegue entrar para os quadros do Governo pela via do concurso, aí apela para a política. Começa batendo cartão no time dos bajuladores e cabos eleitorais, inventa uma associação de moradores para dar foros de seriedade aos seus instintos mamadores, enfim se enturma no grupo dos que sonham em ter um cargozinho numa repartição qualquer sem fazer força. Os mais ousados e inteligentes se candidatam a vereador ou prefeito para ter uma boiada a ser oferecida ao primeiro chefão político que aparecer.
Na cidadezinha de Mari tem uma família que já foi poderosa. Proprietários rurais e donos dos votos da cidade, os Arruda construíam mesmo um curral no dia da eleição, onde juntavam os eleitores que vinham da zona rural. Nesse curral eram alimentados e saíam para dar seu voto “livre e democrático”. Daí veio a expressão “curral eleitoral”, segundo me disse um dia o historiador José Octávio de Arruda Melo, aliás membro dessa ilustre família.
Dessa mesma cidade nos chega a notícia de que o ex-prefeito Adinaldo Pontes convocou seu curral para uma passeata em louvor à ascensão ao trono do governador José Maranhão. Meu compadre Célio Alves, jornalista em Guarabira, disse que o ex-prefeito bradou: "Agora vamos mamar, pois temos as tetas de novo". Célio achou a declaração do ex-prefeito absurda, mas ao mesmo tempo uma prova da sinceridade do homem. Pois não é mesmo esse sentimento que invade o peito do maranhista? Para Célio, “querem servir-se do Estado, e não servir ao Estado. A briga rasgada pelos cargos desnuda bem essa realidade”. Se não fosse assim não seria Brasil, o paraíso dos mamadores oficiais.
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