sábado, 20 de março de 2010

Enfim uma carta escrita à mão


Depois de muito tempo, recebo uma carta escrita à mão, entregue pelo carteiro, junto com livro de poemas de Cancão (foto), nome artístico de João Batista de Siqueira, cantador de São José do Egito, o maior viveiro de poetas cantadores do Nordeste brasileiro, terra de estrelas como Jô Patriota, os irmãos Lourival, Dimas e Otacílio Batista e muitos outros improvisadores. O remetente, e organizador do livro de Cancão, chama-se Lindoaldo Campos, filho de São José do Egito e hoje vivendo em Caicó, no Rio Grande do Norte. Esse rapaz leu em meu blog que escrevi um livro sobre o poeta Manoel Xudu, e como ele é grande admirador desse artista de São José dos Ramos, enviou mensagem pela internet solcitando um exemplar da obra, cuja edição está esgotada. Remeti meus livros “Democracia no ar” e “História de Itabaiana em versos”. Em retribuição, o prezado leitor me presenteia com o livro do Cancão.
Eis a carta do gentil confrade:

Poeta Fábio Mozart:
Agradeço imensamente os seus livros, que bem testemunham a sua quixotesca peleja em favor de dois valores para mim fundamentais: a identidade e a liberdade, uma arrimada na outra. As quais, penso, somente e desde sempre se alcança na luta, não através, mas na luta propriamente que se confunde com a própria vida. E lembrei, a propósito de seus livros, outro bardo: Gonçalves Dias, engenhoso fildalgo d’outras plagas:

Não chores, meu filho,
Não chores que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.

Amalungados dantanho, como vejo da referência à minha terra, São José do Egito, e das andanças que outrora empenhei pela região de Itabaiana, como quando em demanda de Manoel Xudu, enveredando por São José dos Ramos, Pilar, e pude confabular com o poeta Zé Brito, companheiro do mestre durante muito tempo.

Pegando na deixa, envio um exemplar de “Palavras ao plenilúnio”, do poeta Cancão, que (noutra feliz coincidência) teve a honra de ser avalizado pelo FIC Augusto dos Anjos numa primeira tiragem. De modo que segue um passarim gorjeador, que lhe traga um mói de sombra de juazeiro, que é a sombra mais aguada do mundo.

Grande e fraterno abraço,

Lindoaldo Vieira Campos

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