quarta-feira, 24 de março de 2010

Carta de Kátia Rogéria


Poeta Agenor Otávio

Oi Fábio,

Interessante ver como sua “vida de aposentado” é movimentada e produtiva! Só achei muita coisa, para dar conta de tudo direitinho, não é mesmo? Mas, para quem trabalha em liberdade, naquilo que faz com prazer, o tempo deve render muito mais, acredito. Mas acho também, Fábio, que nada é inútil nem medíocre em termos de fazer ou produzir alguma coisa quando se faz uso, honesta e dedicadamente, de qualquer capacidade de que seja dotado um ser humano. Já pensou o que seria dos poetas, artistas, filósofos, pensadores de toda natureza (com os quais, por índole, me identifico muito) se o mundo girasse apenas em torno deles? Como sobreviveríamos heim? Você, por exemplo, deve ter em torno de si, mesmo nesta fase de “aposentado produtivo, sem jeito para a vida prática”, muita gente pragmática , para conseguir dar conta das exigências cotidianas dessa vida, não é mesmo? Então, em se tratando de fazer alguma coisa, acho mesmo que tudo é válido (para os vocacionados, claro), até bater ponto (ainda) todo dia e repetir algumas mesmas atividades, desde aquelas menorzinhas até as mais complexas, do início ao fim da “vida ativa”, desde que não se faça disso um exercício de escravidão, com a idéia de que nada muda mesmo quando se deseja. Aí é mesmo anular-se e perder a chance de ser o que se quer, e pode ser!

De qualquer forma, nesse maravilhoso (e aparentemente infinito) mosaico dos “tipos humanos” deve ser mesmo interessante, nem que seja de vez em quando (para quem não está ainda na “aposentadoria produtiva”) poder “viajar na juventude e ao mesmo tempo martelar no ideal de criar novas aventuras culturais para as gerações futuras”. Felicidade para você e os que lhe acompanham, em tudo o que fizer de bom! Só não esqueça a importancia dos pragmáticos viu?

Um abraço,

Kátia Rogéria

PS - Interessante a idéia de comemorar o Dia do Poeta Paraibano dessa forma, no Ponto de Cultura. Será que não valeria a pena convidar aquele cordelista de que falei? Lembrei também de outra pessoa, esta de Itabaiana, que vem se revelando um "inesperado poeta", mesmo sem nenhum academicismo ou até formação cultural formal. É Agenor, que faz alqueles poemas simples, às vezes ingênuos e sem tanta rima, mas também registra inteligentemente muita coisa da cidade. Acho que poderiam convidá-lo para mostrar alguns poemas selecionados que falassem de Itabaiana. O que você acha? Ele está, inclusive, para lançar um segundo livro, falando de itabaianenses que já se foram. Pode ser uma presença interessante também nas comemorações.

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