quinta-feira, 18 de março de 2010
Encontrei um irmão perdido
O maestro Josino Mendes é meu irmão por escolha. Desde tempos imemoriais, somos unidos por sentimentos de fraternidade. Perdi-o de vista, reencontrando-o ontem na nossa Itabaiana, depois de alguns anos. O “Bigode” está do mesmo jeito: simples, amigo, solidário. O momento é importante para a gente reativar a amizade, porque eu estava precisando de um músico que partilhe dos meus interesses, opiniões e sentimentos em relação à arte para formar uma banda regional, um coral e um grupo de flauta doce composto por crianças pobres. Justo meu compadre Josino, que é maestro, flautista e pianista, além de exímio violonista. De imediato, entrou para o Grupo Ganzá de Ouro para tocar flauta e teclado com seu irmão Mendes, outro cara decente e talentoso.
As expectativas são as melhores possíveis e todos estamos confiantes de que o projeto realmente venha a se concretizar. Fala-se até em gravar um CD, com a ajuda do também maestro Vital Alves. Juntar um grupo de músicos excepcionais em torno de um ideal de beleza e harmonia casado com a preservação das tradições nordestinas, de quebra ajudando a formar cidadãos honrados a partir de crianças e adolescentes que vivem beirando o chamado risco social, é ou não um alvo supremo por quem vale a pena nosso esforço?
Josino Mendes irradia um bom humor em qualquer circunstância. É o tipo do cara alto astral, faz as pessoas se sentirem à vontade. Continua o mesmo professor dedicado, trabalhador e bom pai de família. Na sua simplicidade, o maestro agora entrou para o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar como voluntário, por opção e por exigência nossa.
Eu e Josino fomos adolescentes na Itabaiana dos anos 70. Por trás do vasto bigode, desenvolveu-se o religioso evangélico e músico dedicado. Fomos paulatinamente espaçando nosso relacionamento porque eu, já naquela época, comecei a ser movido a álcool antes de inventarem o motor que funciona com este combustível. Enquanto Josino ia para a igreja Batista cantar no coral regido pelo maestro Severiano, eu aprimorava meu estilo de vida hedonista e livre, angariando um conceito pouco lisonjeiro na cidade, frequentando com certa assiduidade os chamados lupanares, casa de rapariga para quem não sabe.
Pois Josino é aquele que eu elegeria meu irmão, por escolha. Como de fato é, mas aquele irmão mais velho, ajuizado, compreensivo e afetuoso. Um exemplo de vida, eu diria.
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Esqueceu de dizer, Fábio, que o grande Josino foi professor de matemática. E dos bons. Melhor que muito formado por aí. Fui seu aluno no colégio do Coronel Raul. Grande Josino. Merece muitos elogios.
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