segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Cultura da crueldade
O Cabo Silva destaca na Polícia Militar de Goiás. Ele mantém um blog na internet, onde subscreve as seguintes sentenças: “A vantagem de ser meu amigo é que não tenho inimigo vivo”, e “Nossa missão é promover o encontro com Jesus; cabe a Ele perdoá-lo ou não”.
Cansados de ver na televisão as notícias de tortura e assassinato de trabalhadores (e bandidos também) por policiais no Rio, nem nos damos conta de que em todo o país exacerba-se o processo de criminalização e extermínio das classes subalternas por polícias delinquentes. O Estado da Paraíba há muito vem sendo embrutecido por práticas criminosas da sua polícia. O deputado federal Luiz Couto dedica-se heroicamente à denúncia constante da existência de esquadrões da morte e torturadores nos quadros das polícias militar e civil.
O nosso Estado semicolonial sempre tratou os pobres como lixo humano. Seu braço armado sequestra, tortura e, sumariamente, executa bandidos e trabalhadores. Ninguém está a salvo.
A corrupção e a violência policial são frutos da omissão dos governantes. Pagam mal ao soldado, não investem na educação dos agentes policiais e assim a sociedade vai ficando cada vez mais refém de uma polícia fascista. Pesquisa feita pela FGV, entrevistando 23.540 policiais civis e militares, chegou à conclusão de que quanto mais próximo do analfabetismo e da ignorância, mais o policial é tolerante com a corrupção e a violência dos colegas. O que vale, frente aos colegas de trabalho, é o pacto do silêncio, a cumplicidade, a conivência. Um policial dificilmente "denuncia" um companheiro. Quanto menor o nível de escolaridade, ou seja, quanto mais ignorante, maior a aceitação das transgressões dos outros (O Estado de S. Paulo de 16.03.09, p. C1).
Tema de altíssima relevância para a sociedade não se vê na pauta de debates dos candidatos. O blogueiro cajazeirense Dirceu Galvão refere-se à imprensa e segurança pública nos seguintes termos: “A cobertura jornalística dos eventos que expressam a violência, na Paraíba, vive em permanente sinuca de bico: noticiar a violência, porque a busca pela audiência exige; ou não noticiar, porque, em geral, os órgãos estão manietados por contratos com o Estado. Na dúvida, alardeiam a violência (e satisfazem a busca de audiência), mas traduzida como algo dependente da vontade divina, em que a autoridade não tem culpa (e satisfazem o patrão governamental). Esta é a verdade. O resto é campanha política e desonestidade moral!”
Alguém tem opinião contrária?
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