sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Chateaubriand e a família Duré, de Itabaiana

João Duré segurando o cavalo (embaixo), e Chatô (foto ao lado)

Meu compromisso é com a verdade verdadeira e comprovada. Minha fonte para esta crônica é mais do que segura. Trata-se do doutor José Mário Pacheco, neto do pecuarista itabaianense João Duré. Pacheco dedica-se a divulgar os feitos e o caráter do avô, grande figura humana que contribuiu decisivamente para o progresso de sua terra.

Bendizendo os feitos da família Duré, Zé Mário Pacheco lembrou o caso da construção do Hospital São Vicente de Paulo, obra que congregou desde o mais humilde pedreiro em serviço voluntário até os mais poderosos burgueses do lugar. Todo mundo sabe que o médico Antonio Batista Santiago, ao chegar a Itabaiana no recuado ano de 1932, encontrou uma cidade acanhadíssima e sem as mínimas condições de atendimento de saúde para sua população, passando a trabalhar para sensibilizar o povo e as autoridades da necessidade de se construir um hospital.

A matrona dona Joana Medeiros doou o terreno às margens do rio Paraíba. Dezesseis anos depois do lançamento da pedra fundamental, em 19 de março de 1949, foi inaugurado o Hospital. A história registra um fato pitoresco ligado à campanha de arrecadação de fundos para o Hospital São Vicente de Paulo. Deu-se que, no ano anterior à inauguração, a Duquesa De La Rochefoucauld, dama da alta nobreza da França, visitou o Brasil a convite do jornalista paraibano Assis Chateaubriand. Mestre em se meter nos processos políticos decisórios do País, Chatô também sabia meter a mão nos bolsos dos ricaços para suas obras de arte e “filantropias”. Enfim, cumprimentar com o chapéu alheio era sua tática.

Acontece que Chatô era amigo de João Duré, e sabia das dificuldades que o povo de Itabaiana estava enfrentando para equipar o seu Hospital. Foi daí que convidou a Duquesa para visitar Itabaiana, onde seria condecorada na “Ordem do Jagunço”, criada por ele para homenagear aqueles que, segundo sua percepção, mereciam destaque, sendo o próprio Assis Chateaubriand primeiro e único grão-mestre da ordem. Chegou a coroar com a Ordem o Primeiro Ministro inglês Churchill.

No caso da Duquesa, o esperto Chatô garantiu que em Itabaiana morava uma família de nobres franceses da Casa dos Duré, cujo patriarca seria o próprio João Duré, homem de muitos feitos gloriosos nos campos de batalha, conhecedor da arte de criar cavalos e bois. Os campos de batalha, ele se esqueceu de dizer que se tratava das famosas vaquejadas patrocinadas pela família Duré, corridas de gado que ainda hoje gozam de popularidade no interior da Paraíba.

Assim, foi a Duquesa De La Rochefoucauld conhecer seus pares nobres de Itabaiana, aproveitando para receber a Ordem do Jagunço. Na festa compareceram o Governador do Estado, Osvaldo Trigueiro, altos industriais paulistas, a Baronesa Cartuyvels, embaixatriz da Bélgica no Brasil, Michel Simon, secretário da embaixada francesa no Rio de Janeiro, jornalistas da prestigiada revista inglesa “Life”, o banqueiro carioca Valentim Rebouças, o senador Napoleão Alencastro, e outras personalidades do mundo político, social e econômico do Brasil, como registra Sabiniano Maria em seu livro “Itabaiana – sua história, suas memórias”.

CONTINUA AMANHÃ

2 comentários:

  1. Esse Chatô era um tremendo 171.
    Ordem do jagunço,essa foi boa!!!

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  2. Bom dia amigo Fábio. Uma correção, Chatô era amigo e compadre de José DURÉ, irmão de João DURÉ. A vaquejada ia ser em Campina Grande e José Duré conseguiu que fossse em Itabaiana.

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