terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

LEMBRANÇAS DE GUARITA

Odon de Sá


Neste final de semana me peguei com o livro de crônicas “Lembranças e andanças”, do Waldir Reis Espínola, servidor da Polícia Federal radicado no Rio Grande do Norte, autor do romance “O birro de bronze”, livro que também está na fila para minhas leituras.

Waldir lembra fatos de sua infância. Um deles, as visitas que fazia à vila de Guarita, em Itabaiana. “Quando fui na fazenda Guarita pela primeira vez, o velho Francisco de Sá havia morrido. Aliás, dizem maravilhas do velho Coronel Chico, como administrador, como homem e como chefe de família. Foi enterrado no centro da igreja de Guarita por ter sido muito ‘bom’ para a Igreja Católica”.

E prossegue Waldir: “O que o velho Francisco de Sá tinha de bom e de extraordinário, o filho tinha de bobo e de inútil. Filho único, foi mandado para os melhores colégios e chegou a bacharelar-se pela Faculdade de Direito de Pernambuco. Voltou Doutor Odon de Sá, mas voltou mais inútil do que quando foi. Depois de fazer uma série de asneiras, casou-se. Meteu-se em política e foi obrigado a vender duas outras fazendas a fim de comprar votos de cabresto, já que ninguém votaria nele pelos qualificativos que não possuía. A esposa, Dolores Sá, se outra virtude não tinha, foi uma ótima gerente. Não fora ela, os burros teriam dado n’água há mais tempo”.

Como fecho, o escritor acocha: “Guarita era a fazenda mais bonita. As outras duas eram “Manoel de Matos”, do outro lado da estrada que liga Itabaiana à vila de Guarita, e “Rosa e Silva”, do outro lado do rio Paraíba. Odon foi obrigado a vender as duas, a fim de tentar recompor seus negócios desastrosos, bem como gastar com sua mania de ser prefeito de Itabaiana.”

De fato, Odon de Sá foi prefeito de Itabaiana e sua esposa praticamente era a gerente de fato. A visão do Waldir Reis é a de uma pessoa que conheceu pouco Odon de Sá, naquele tempo onde as atividades políticas eram exercidas em clima de ardorosas paixões, como ainda hoje se vê. Tive o privilégio conhecer Odon de Sá e sua esposa, mas já no limiar de suas vidas. Surpreende-me a imagem negativa do político itabaianense no depoimento daquele escritor. A verdade é que o intocável poder econômico ainda continua fabricando prefeitos ruins.

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