Foi-me concedida a honra de escrever a biografia autorizada do comediante Biu Penca Preta. Encontro-me em dúvidas quanto ao título do livro. “Confissões de uma mente depravada”, sugestão de colega entendido em marketing, é uma ideia para atrair leitores igualmente devassos, que não são poucos. “Aventuras de Biu Penca Preta no reino da fuleiragem” também está sendo cogitado.
Dê sua opinião. Este será o primeiro livro cujo título será resultado de opção dos leitores em pesquisa on line. Meus cinco ou seis neurônios em funcionamento cogitam títulos como “os homens são portadores de cérebros muito pequeninos que não cabem numa cabeça tão grande”, exibindo a enorme e vermelha cabeça de navio do humorista Biu Penca Preta. Pensei ainda em rotular o livreto de “ABC de Biu Penca Preta e outras variedades no cabaré de Julieta”.
O mundo tem 6.890.100.000 pessoas. E no meio dessas todas, só uma se chama Biu Penca Preta, primeiro e único, irmão de João Corninho, secretário de Som e amigo de Sonsinho. Isso há de render alguma coisa, mesmo porque a crise está levando as pessoas à insanidade mental. É a única justificação que encontro. Quem é que no seu perfeito juízo se submete à loucura de escrever a biografia de um cara como Biu Penca Preta?
Escrevi um livro chamado Biu Pacatuba que acabou ganhando um prêmio nacional do Ministério da Cultura. Espero enormemente que esse meu livro sobre Biu Penca Preta, se não ganhar prêmio algum, pelo menos ajude a pagar a gráfica e o conserto do telhado da casa do homenageado, que se encontra à beira da tragédia e o inverno tá em cima.
Posso entrar num estado de demência qualquer e perder o controle absoluto sobre as minhas decisões, entregando os livros para o próprio Biu negociar livremente. Nesse caso perco a besta e o frete, como se diz em Itabaiana. O lançamento do livro terá drinques de cachaça “Pé inchado” com sardinha “pior sem ela”, que o próprio Biu chama de “levanta saia” ou “abusa vizinho”. Para atração artística, convocaremos a dupla Tadeu e Tadando cantando sucessos como “Eu amo a tua mãe” e “Vou tirar você desse lugar e botar na pensão de Nevinha Pobre”. Isto é a fuleiragem no seu estado mais puro.
O indefecável Biu Penca Preta, honra e glória das tradições de fuleiragem da terra de Erasmo Souto, anunciou que cantará uma bela canção no dia do lançamento do livro, uma valsa de sua autoria que foi ele mesmo que fez intitulada “Rosinha”, em homenagem a uma rapariga doida que ele arrumou na pensão de Julieta. Eis a letra da obra-prima:
Eu tenho uma casinha no alto da serra
Ela é toda pintada
Rosinha na janela
Minha namorada.
Mas um dia eu me arreto e vendo esta merda
Encho o cu de dinheiro
Rosinha que se foda
Vou morar no puteiro.
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