quinta-feira, 1 de julho de 2010
João Goulart em Sapé
No começo da década de 60, o conflito social entre os camponeses e os proprietários de terra cada vez mais se aguçava. Formou-se a Liga Camponesa de Sapé, que congregava trabalhadores canavieiros da região compreendida entre Mari e Espírito Santo. João Pedro Teixeira e Biu Pacatuba eram os voluntariosos líderes dos trabalhadores. Já os proprietários rurais reuniam-se sob a chefia do deputado Flaviano Ribeiro Filho, industrial Agnaldo Veloso Borges e outros agropecuaristas da região, que se organizavam “contra as atividades subversivas dos comunistas”.
O Nordeste e especialmente a Paraíba vivia o conflito agrário cada vez mais acirrado, beirando a uma guerra civil no campo, prestes a se alastrar para os centros urbanos. Reforma agrária era a bandeira de luta dos trabalhadores rurais, cujas ações ecoavam até no exterior, fazendo parte do teatro da guerra fria que se travava no mundo entre as superpotências Estados Unidos e União Soviética. A pequena Sapé abrigava a mais aguerrida facção da luta camponesa, e por isso chamava a atenção do país, governado na época pelo vacilante João Goulart.
No dia 1º de julho de 1962, uma concentração de camponeses de todo o Estado assistiu à solenidade de instalação de um posto do SANDU em Sapé, com a presença do Presidente da República e seu Ministro da Agricultura, quando Goulart definiu a orientação do Governo Federal “frente ao rumoroso problema agrário que tanto interesse despertava no Brasil e no mundo”. O Governador da Paraíba, Pedro Gondim, estava presente à manifestação em Sapé.
Dois anos depois, os Estados Unidos executam o plano de acabar com o conflito social no Brasil pela força, apoiando o Exército no golpe militar de 64. João Goulart foi deposto, Pedro Gondim acabou cassado e os líderes dos trabalhadores mortos, exilados ou na clandestinidade.
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