domingo, 4 de julho de 2010

Direto ao ponto


Professor Rangel Junior


Já escrevi algumas croniquetas neste espaço sobre esse tal “forró de plástico” que não é reciclável e outros modismos impostos pela indústria cultural. Esse ponto de vista do professor Rangel Junior diz o essencial sobre o tema, pedindo eu licença para reproduzir o artigo publicado em seu blog: www.rangeljunior.blogspot.com

“Algumas coisas me incomodam profundamente em meu país, principalmente quanto ao uso que a máquina do entretenimento tenta fazer de nossas vontades.
Vivemos num país onde o que a mídia diz que é forró não é forró! Todo o generoso espaço (pago, diga-se!) da mídia radiofônica e até da TV é utilizado para dizer que "aquilo" é forró, quando na verdade é apenas uma mistura mal mexida de carimbó, lambada e merengue, com um tecladista metido a sanfoneiro (que nem sabe usar os baixos da sanfona, pois a mão esquerda está sempre parada, apenas abrindo e fechando o fole!).

O que dizem que é sertanejo não é sertanejo! A música que caracterizaram como sertaneja, daquilo tem apenas uma dupla de cantores fazendo uma primeira voz e uma terça (que dizem que é segunda!). Tirando o sotaque de alguns, nada tem de fato que possua vínculo real com a cultura sertaneja, interiorana do Brasil Central e Sudestino.

O que propagam como pagode não é pagode! Não é samba, não é partido alto... é o que? Uma mistura indigesta de samba canção com ritmo eletrônico programado em teclados de baixa categoria nos anos 80, meia dúzia de rapazes tentando dançar, trôpegos, e apenas um cantando.

O que dizem ser uma novidade (como o calypso, ai!) não passa de lambada e/ou carimbó mal arranjado, travestido e cantado com gemidos e sussuros supostamente eróticos!
Isso tudo incomoda? Claro! Ou você escuta e se incomoda ou desenvolve um mecanismo psicológico de abstração, uma espécie de "fuga" de si mesmo, do "lugar" onde se está para evitar o inevitável estupro auditivo que os potentes carros equipados (verdadeiras boates de otário!) obrigam você a ouvir a toda hora pela cidade. Nos finais de semana o assédio piora! É barra!

Agüentar isso sem reclamar? Eu?”

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