Os anais da Câmara Municipal de Itabaiana registram que o vereador Ubiratan apresentou projeto de lei denominando de Praça Poeta Zé da Luz o local onde se encontra exposto o busto do poeta, localizado na Rua Marieta Medeiros. O vereador Dedé Tavares disse que não concordava com o projeto, porque seria retirar a homenagem à dona Marieta para colocar outro nome. Na réplica, Ubiratan informou que “o nobre colega não entendeu o sentido do projeto, porque não se retirava o nome da professora Marieta Medeiros da rua e sim dava nome de Zé da Luz à pracinha localizada naquela artéria”. “Mesmo assim, voto contra esse projeto”, respondeu Dedé Tavares.
O busto foi uma iniciativa da Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba quando se festejava o centenário de Zé da Luz em dezembro de 2004. A obra foi assinada pelo artista plástico Mestre Zaia. A cerimônia de entrega do monumento à cidade foi prestigiada pelo poeta Ronaldo Cunha Lima e membros do Conselho Estadual de Cultura. O escritor Amaury Vasconcelos, da Academia Campinense de Letras, grande cultor do poeta de Itabaiana e já falecido, descerrou a placa em sua homenagem.
A ideia do espaço físico e da configuração da obra foi do poeta Jessier Quirino. Todos os custos foram assumidos pela comunidade itabaianense, sem que se gastasse um centavo de dinheiro público.
Penso que, às voltas com as rivalidades políticas provincianas, o vereador Dedé Tavares acabou dando uma demonstração de incivilidade. Também mostrou que não conhece sua cidade, pois se tivesse consciência de nossa realidade urbana, saberia que já existe uma rua com o nome de Zé da Luz, no Conjunto Costa e Silva, e a lei não permite duplicidade de denominação para as artérias do município.
Talvez por isso é que as coisas não caminham por aqui. Um amigo comum cunhou frase arretada: “Na Câmara deveria ser aprovada uma lei com o seguinte teor: em caráter de urgência, ficam banidas do recinto desta Casa a falta de discernimento e a estupidez, revogando-se as disposições em contrário”. Eu não diria estupidez, e sim descortesia. Quando se nega uma homenagem a um vulto do porte de Zé da Luz, não se sabe amar seu povo e sua História. “Jamais será esquecido por Itabaiana o passarinho que voou do vale do Paraíba, cantou sua terra para o Brasil e morreu nas plagas cariocas, depois de ver a terra cair no chão, deixando no seu torrão pátrio as cacimbinhas com água de gosto diferente”.
Ilustre vereador Dedé Tavares, que deve ser da eminente família dos Tavares, você sabe que Zé da Luz contempla ainda hoje sua Itabaiana, do céu dos poetas onde se encontra. A terra que Deus lhe deu por berço e o destino lhe negou para o túmulo. Eu completaria: e o vereador lhe negou uma simples homenagem. O poeta entende, porém, a mente limitada dos seus conterrâneos nos dias de hoje, e perdoa.
Fica na consciência da comunidade uma ponta de constrangimento, de ver que um dos seus representantes negou uma moção de homenagem ao maior de nossos poetas. Encontram tempo e razão para discutir e aprovar tantas bobagens, no entanto compactuam com a ideia de que, votando em proposição de partido adversário, estarão traindo seus chefetes políticos, mesmo que seja um projeto com nobres intenções.
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