sexta-feira, 25 de setembro de 2009

RÁDIO: ARMA APONTADA CONTRA O OUVINTE


Esse é o título de crônica assinada pelo radialista Petrônio Souto, em seu blog www.cemreis.com.br. Petrônio já atuou em quase todos os jornais, revistas e emissoras de rádio da capital paraibana. É um cara que entende do assunto. Para ele, o rádio na Paraíba parou no tempo. Eu diria que o rádio regrediu. Ele recorda de Otinaldo Lourenço, “o grande reformador do rádio paraibano, que formou uma excelente equipe, oferecendo aos ouvintes um cardápio bastante simples: música, esporte e notícia. Tudo inspirado, como ele próprio afirma, na Rádio Jornal do Brasil e na BBC de Londres”. Isso foi nos anos 60/70. De lá para cá, apesar do avanço tecnológico, a qualidade do nosso rádio só fez desabar. Ele se queixa da forma como são concedidas as outorgas das rádios, que servem de moeda de troca no jogo político. Por isso, qualquer um abocanha um canal de rádio, sempre políticos ou seus “laranjas”. Os verdadeiros homens de rádio, os que têm no sangue a vocação, esses ficam de fora. Por isso o rádio hoje é essa coisa que dá asco.

Concordo com Petrônio Souto quando diz que o rádio atual só divulga apenas a alienação e a violência, “com honrosas e raríssimas exceções”. Para ele, o rádio de hoje “é uma arma apontada contra o ouvinte”.

Em 1998, apareceu no cenário radiofônio a figura da rádio comunitária, que seria, em tese, uma emissora de gestão pública e democrática determinada a tornar realidade o sonho de Petrônio Souto e todos os verdadeiros radialistas de boa vontade, uma emissora que contemple a “promoção humana e social das massas, com a elevação do espírito crítico do ouvinte”. Seria afinal uma mídia radiofônica mais democrática e plural. O que ocorre é que o controle social praticamente não existe, as rádios ditas comunitárias são dominadas por aproveitadores que utilizam os mesmos meios condenáveis da rádio comercial para ganhar dinheiro, sem nenhuma preocupação com a qualidade do rádio. A sociedade tem o direito de participar da formulação, acompanhamento e avaliação da programação dessas rádios através dos conselhos comunitários, o que não ocorre na maioria das situações.

Em João Pessoa, estou escrevendo uma peça de teatro com meu amigo poeta Zanony Ibervile, um militante engajado na construção de uma cidade mais solidária e socialista. A peça é sobre rádio comunitária, sobre a criminalização desse serviço e as falsas radcom. É que achamos que nove décimos das rádios ditas comunitárias em ação na Paraíba é entulho bloqueando o caminho da verdadeira democracia no ar. Nosso intuito é detonar o ruim para abrir caminho para o bom.

A Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – Abraço – está acompanhando as rádios que receberam outorga e pretende denunciar as que não são realmente comunitárias, para que a concessão seja entregue às pessoas e entidades idôneas, realmente comprometidas com a filosofia de uma verdadeira radcom

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