terça-feira, 13 de abril de 2010

Todo homem tem seu preço?


Se você tivesse muito dinheiro e fosse obrigado a dar a alguém para guardar, a quem entregaria sua fortuna? Você acha que todo homem tem seu preço?

Vou logo confessando que, certo dia, vendi minha alma com desonra. Aceitei fazer um jornal político sob o patrocínio de um cara da velha escola mercenária de Assis Chateaubriand, esse fascista que, por infelicidade dos paraibanos, nasceu aqui, mas para vergonha dos pernambucanos, sempre se considerou filho do Leão do Norte.

Qual foi a isca que você não conseguiu deixar de morder, e acabou sujando seu currículo? Esse ditado do capitalismo vem a respeito de recente controvérsia em João Pessoa, sobre um jornalista tido como íntegro e que está sendo acusado de irregularidades.

Tem mulher que dribla a solidão comprando homens no mercado sórdido da prostituição masculina. Se todo homem tem seu valor, na lógica mercantilista deverá também ter seu preço. Millôr Fernandes reflete em um dos seus artigos ácidos: “Há quem vá mais longe afirmando que alguns homens são vendidos a preço de banana. Sempre esperei, na vida, o dia da Grande Corrupção, e confesso, decepcionado, que ele nunca veio. A mim só me oferecem causas meritórias, oportunidades de sacrifício, salvações da Pátria ou pura e frontalmente a hedionda tarefa de lutar... contra a corrupção. Enquanto eu procuro desesperadamente uma oportunidade, as pessoas e entidades agem comigo de tal forma que às vezes chego a duvidar de que a corrupção exista. Mas, falar em corrupção, como anda a sua? Vendendo saúde ou combalida e atrofiada como a minha?”
Millôr quer saber se você é um corrupto total ou um idiota completo. Ele aplica então um teste. Se o leitor roubar nesse teste, tá provado: é um corrupto absolutamente incorruptível. No fim ele dá um conselho: Quando alguém, na rua, gritar "Pega ladrão!", por via das dúvidas finja que não é com você.

Tem o caso daquela mulher que guardou o dinheiro do compadre, mas depois esqueceu que a grana tinha dono e gastou. O compadre, de desgosto, morreu. A viúva foi se queixar, apresentando o cheque comprovante do depósito na gaveta da mulher desonesta. Pois ela engoliu o cheque na hora! O que prova que as mulheres também sabem ser corruptas e descaradas, quando querem. Outra mulher, prefeita de um lugar ermo nas brenhas da Paraíba, conseguiu passar mais de 200 cheques sem fundo da Prefeitura. Só não vendeu o prédio da edilidade porque não achou comprador. O que prova que toda mulher tem também seu preço. Resta a discussão de valores entre os gêneros. Quem se vende mais caro?

Li um conto arretado do sujeito que tinha como profissão cobrar impostos. Um dia passou o caminhão carregado de mercadoria “no mole”. O coletor lascou uma pesada multa. O dono da mercadoria ofereceu bom dinheiro para a famosa “vista grossa”, que não foi aceito pelo coletor honesto. Ao aumentar a oferta, o dono da muamba sofreu o peso da mão do coletor em sua goela, que quase mata o sacana. Justificava para a violência:

─ Tive medo que ele chegasse no meu preço.

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