sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dia do ferroviário


Esse formoso, galante, elegante, simpático e bem feito de corpo rapaz barbudo sou eu aos 33 anos na estação ferroviária de Itabaiana, quando exercia o ofício de radiotelegrafista da estrada de ferro, profissão por sinal hoje extinta. A foto vai por ocasião do dia do ferroviário, que é hoje, 30 de abril.

Naquele tempo, nós ferroviários tínhamos satisfação em trabalhar com o sistema de trens. De lá para cá, a ferrovia brasileira foi sendo sucateada. Até que em 2007, o Ministério do Planejamento extinguiu a carreira de ferroviário e quer acabar com todos os direitos já conquistados pela categoria. Como bem disse o Deputado Federal Carlos Santana (PT-RJ): “já sucatearam as ferrovias e agora querem acabar com as famílias dos ferroviários”.

Portanto, não temos o que comemorar. Só lembrar os tempos de ouro da ferrovia brasileira e dos verdadeiros heróis que são os ferroviários. Hoje sobrevivemos com uma aposentadoria miserável. Para o Agente de Trem aposentado, senhor Paulo Aranha de 85 anos, a revolta é ainda maior: “Por que não mandar fuzilar os ferroviários, em vez de ficar nos matando de fome com uma aposentadoria de R$700,00? Mas não se esqueçam de que fomos nós que levamos o progresso para este país”.

Hoje, dia do Ferroviário, é bom lembrar que a ruína da ferrovia é parte do grande plano dos saqueadores da nação. Fui fundador do sindicato de minha categoria na Paraíba, vivi momentos de luta pela classe ferroviária. Atualmente vejo que tudo isso perdeu o sentido, na medida em que apodreceram as estruturas da estrada de ferro e com elas o ímpeto libertário do povo trabalhador. O capitalismo globalizado engoliu a ferrovia e nossos sonhos igualitários.

Vladimir Carvalho, o monstro sagrado do documentarismo brasileiro, vive hoje em Brasília. “Eu deixei a Paraíba, mas a Paraíba não me deixou”, costuma dizer o mestre. Pois ele fez um filme sobre o trem que passava nos engenhos e usinas de açúcar do Nordeste, e esse filme chama-se Incelença para Um Trem de Ferro. A representação do trem está sempre presente no imaginário popular. Hoje economicamente inviável, o trem só circula nos nossos sonhos e nos filmes. Aos ferroviários sobreviventes, restou a nostalgia de uma profissão extinta.

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