
José Benjamim Pereira Filho
Nasci fora. Aos dois anos fui para Itabaiana, onde vivi até os 11 anos. Quem me diz que não sou de Itabaiana? O filé de minha vida, os melhores momentos, a infância construí aí. Ouvindo o pífano de Zé Espiciá, chapeado que tinha um boi de carnaval. Aquilo sim que era boi! Com a batida certa, o ritmo certo. O toque (som) da flauta-pife perfeita. Mais nunca na vida ouvi coisa carecida, tão linda. Lá em João Pessoa é que fazem mais ou menos, mas nunca com a grandeza do Zé Especiá.
A difusora de João do Bode foi minha enciclopédia da música brasileira, junto a um radinho que havia na sala de minha casa, presente de um irmão que aos 12 anos trabalhava nas Lojas Paulista, na “rua Grande”. Pois bem, quando esta difusora localizava-se numa barraca naquela subida ao lado da Rua Santa Rita, por traz da rua Boca da Mata, atravessando a linha do trem, numa casa ao lado da barraca do João do Bode, assisti a um menino negro encenar um drama de Natal. Músicas que ainda não conhecia. Tá na cabeça até hoje. Esse menino ? Poty o nome dele..
Esta agora dos três severinos, sinceramente, me comoveu
Bela página. Os três precisam ser conhecidos e respeitados por nossa juventude, precisam ser reverenciados por este mesmo povo que hoje sendo depositário desta cultura, já foi aquela época o caldo sócio-afetivo que proporcionou o surgimento dos mesmos três.
Enfim, povo que gestou os gênios e hoje herda a genialidade, embora aparentemente obscura noutra aparente relação social embrutecedora. Por mais que se maltrate, por mais que se explore, esse nosso povo conduz o gérmen da mais genuína cultura. Embora às vezes não saiba explicar, até porque a carga de opressão tenta impor a alienação econômica e cultural.
Mas o povo tá aí. Povo dos Taiobas, do Pão Duro, do boi de Zé Espiciá e dos caboclinhos de Mocó, dos altos de Itabaiana e da beira do rio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário