sábado, 26 de junho de 2010

Fim da canção


O poeta e cantador Hugo Tavares (foto), de Santa Cruz/RN, pegou um poema de minha autoria e musicou. Saiu a “Canção do Desterro”, uma marcha de melodia um tanto pueril, que lembra não sei qual música do passado. Com essa canção, disputei um festival no sertão da Paraíba, que terminou abruptamente, depois que um raio caiu nos equipamentos de som e até hoje ninguém sabe quem ganhou. Em futuras edições, convém não esquecer de instalar geradores.

Com essa mesma marchinha, vou concorrer no Festival de Música do Sesc/PB. A linha melódica dessa canção ressuscita um debate que já vem sendo travado entre críticos e músicos: o fim da canção. Vi/ouvi Arrigo Barnabé dizer em entrevista na televisão que a crise é real. Sérgio Mendes: “sinto que existe um vazio, uma falta de grandes melodias. É uma crise mundial”. Chico Buarque afirmou outro dia que a canção, como a conhecemos, pode ter se esgotado e estar encerrando seu ciclo na História.

Noto que os grandes sucessos musicais de hoje, tirando os desprezíveis que vivem pela força do jabaculê, são canções revisitadas pelos novos intérpretes, jóias da música popular brasileira como já não se faz mais hoje em dia. Daí o lugar ocupado pelo Hip Hop, que tem ritmo e poesia, dispensando a linha melódica.

O pesquisador José Ramos Tinhorão é outro que vaticinou o fim da canção. Antes que acabe, deixo minha contribuição à área com essa marchinha um tanto desacreditada, que dialoga com a “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. O músico Vital Alves ouviu a minha canção e ao final julgou: merece nota 7,5. Tirando a conta da amizade, eu desconfio que nossa música (minha e do Hugo Tavares) só vale nota 5, e olhe lá! É a crise da canção.

Mas nunca me entrego. Já estou fazendo parceria com o próprio Vital Alves numa canção com levada pop. A morte anunciada da canção, pelo menos no contexto paraibano, é assunto que vai se prolongar enquanto tivermos músicos talentosos como Vital Alves, com vontade de produzir cada vez mais. O que morreu mesmo foi o rádio enquanto divulgador da nossa arte musical.

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