domingo, 17 de agosto de 2014

POEMA DO DOMINGO



Peleja de Sander Lee com Fábio Mozart na feira de Itabaiana


FÁBIO MOZART

Na feira de Itabaiana,
Vi uma papagaiada:
Uma mulher deslumbrada
Comprando voto e banana
Feito cobra caninana
Carregando um deputado,
Um locutor, um soldado
E dezoito puxa-sacos.
Passeata de macacos,
Comício mal ajambrado.

Vi um pobre condenado
Pedindo esmola na cuia.
Fruta podre aquela tuia,
Sujeira pra todo lado.
Um surdo-mudo calado
Com vontade de cantar,
Balançando o maracá
Numa pancada bacana.
Na feira de Itabaiana,
Uma é ver outra é contar.

Vi carne no alguidar,
De bode, boi e galinha,
Vi Maria e vi Aninha
Vendendo seu munguzá.
Vi Joquinha do Preá
Assando carne de charque,
Vi Tadeu no desembarque
De uma venda, bebinho.
Vi Luciano Marinho
Sivucando lá no parque.

Eu vi Jessier Quirino
Mangando da matutada
Em fantasia ilustrada
Com astúcia de menino,
Falando de Zé Granfino
Até o Biu Penca Preta,
Mostrando toda faceta,
Paisagem do interior.
Eu vi tudo, sim senhor,
Vi até a coisa preta

De Buliu, a espoleta
Do cabaré de Topada.
Avistei minha moçada
Porque parei a ampulheta
Do tempo, numa mutreta,
Num lance mágico criar
Um protótipo, avatar
Do genial Pingolença
Reafirmando a crença
Do feitiço do lugar.

Vi Pingolença na feira
Fazendo seus belos truques
Entre toada e batuques,
Com a morena faceira
Que é a porta-bandeira
Dos índios de seu Mocó.
Um palhaço que tem dó
Da rapariga rameira,
Perseguida, peniqueira
Do tempo de minha avó.

Vi o branco paletó
Do compadre Zé Ferreira
Andando no meio da feira
Afinando o mocotó
Escutando o arigó,
Receitando uma meizinha,
Comprando fava e farinha
Pra alimentar Sanderli
Tudo isso aqui eu vi
Com olhos da Carochinha.



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