domingo, 3 de agosto de 2014

POEMA DO DOMINGO


Minha avó paterna morreu tragicamente em uma segunda-feira de carnaval, em Itabaiana. Na terça-feira, realizou-se o enterro. Meu pai, Arnaud Costa, escreveu este soneto sobre o fato. (Na fotografia, meu pai de terno e minha mãe com sombrinha, no cortejo fúnebre de minha avó Joana Cândida da Costa.

Carnaval triste

À memória de minha mãe, Joana Costa


Numa terça-feira de folia,
Quando a multidão se divertia ao léu,
Em meio ao fervilhar daquela orgia,
A alma de minha mãe subia ao céu.

O carnaval a todos contagia,
Indiferente à minha ingente mágoa.
Por isso mesmo ninguém percebia
Os meus olhos marejando d’água.

Triste ironia que me irrita a alma,
Enchendo de revolta o coração:
É que nenhum tambor da festa se acalma

Quando o cortejo fúnebre passava.
Sem respeitar a minha comoção,
A multidão cada vez mais brincava.

Arnaud Costa




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