quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Mulheres combatendo o bom combate

Wanessa Costa (direita) na militância política

Conheci Wanessa Costa nas reuniões do Fórum Metropolitano de Comunicação Comunitária. A gente se reunia semanalmente no Sebo Cultural para tentar organizar o movimento de rádios livres e comunitárias em João Pessoa, no começo do século XXI. Ela representava a Rádio Comunitária Voz Popular de São Rafael, uma comunidade no Conjunto Castelo Branco. Garota forte na tarefa de dar voz ao seu povo, aos vizinhos e amigos em uma comunidade cheia de problemas sociais. Depois, criaram um banco comunitário, fizeram projetos de música para crianças, geração de emprego e renda, tantas pequenas grandes coisas que a turma fez ali na intenção de mudar o mundo. Até um Ponto de Cultura foi montado pela rádio. Mudou um pouco a fisionomia de sua comunidade, em atos públicos e notórios de cidadania a partir de uma pequena estação de rádio.

Voltei a ver Wanessa semana passada, no aniversário da Rádio Voz Popular. Estava com visual diferente, cabelos curtos, mais magrinha. “Por que você desapareceu do Facebook?”, perguntei. Ela explicou que foi expulsa da rede social porque brigou com um cara da comunidade, inimigo dos projetos da rádio. A briga foi feia, ela botando os podres do sujeito pra fora, ele esculhambando geral, tanto que o Facebook achou por bem dar cartão vermelho para os dois. “Estou respondendo a processo por danos morais”, disse Wanessa.

Essa radical xiita do movimento de rádios comunitárias vota em Dilma, diz que é radicalmente a favor do Brasil comandado por uma mulher forte. Não quer saber se Dilma não fez avançar um milímetro a causa da democratização das comunicações. Ela acha que a culpa é do próprio movimento que não se organiza melhor para pressionar o Congresso, assustar o monopólio e ocupar os espaços na mídia. Continuamos com o velho hábito de falar mal do Governo, sem levantar da cadeira para fazer as coisas acontecerem.

Wanessa hoje está mais sábia e equilibrada. É uma das mulheres para quem eu dediquei meu documentário “Feminino plural”. Pena que as cenas gravadas na sua comunidade foram perdidas porque meu cinegrafista Jacinto Moreno assustou-se com uns zé ruelas do lugar, pensou que eram traficantes a fim de expulsar os estranhos no ninho e esqueceu de ligar o áudio da câmera. Um momento de babaquismo do meu compadre Moreno que custou a saída de Wanessa do meu filme. Outras mulheres, entretanto, estão lá com seus depoimentos sobre a emoção feminina em lutar por direitos, incluindo o de se comunicar.



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