sábado, 16 de agosto de 2014

Alienações coletivas e Alzheimer político




Eles estão temporariamente curados do Alzheimer do político pós campanha. Estão voltando aos seus redutos, digamos assim, aos roçados, ou às fazendas de bois que por sua vez já estão devidamente gordinhos para o abate. São os políticos profissionais na compra e venda de votos pelas quebradas dessa Paraíba afora.

Eles agora lembram onde mora o eleitor, os nomes e até os apelidos. Sabem andar pelas ruas esburacadas, a pé, abraçados aos “pés rapados”, a maioria desses também eleitores profissionais. O eleitor profissional é aquele que aproveita as campanhas políticas para vender seu voto e os da família. Os mais afoitos passam a temporada de entressafra entre uma eleição e outra bajulando os chefes políticos, arrumando pequenos favores para os miseráveis de sua comunidade, enfim, cuidando da hortinha de votos para serem devidamente negociados na hora propícia.  

A madame política experiente e sem um pingo de vergonha, faz uma cara de “mãe dos pobres”  mais linda do mundo, abraçada ao seu candidato, vestida para a guerra, com seu modelito na cor da campanha do depufede, excitada com a manada que galopa atrás do cortejo. A madame, deveras elegante com seu sotaque levemente francês e perfume idem, desfila no meio da galera, distribuindo promessinhas, beijinhos e apertos de mão. Ela respira fundo, odiando aquele momento de tête -à-tête direto com a massa fedorenta e barulhenta, ao mesmo tempo sentindo subir pelas entranhas aquele calorzinho excitante do contato com o povaréu, que isso de comandar multidões é mesmo um estimulante que cria dependência. “A multidão é o joguete de todas as excitações exteriores e reflete-lhes as incessantes variações. Os impulsos que elas sofrem são de tal modo imperiosos que apagam o interesse pessoal. Nas multidões nada é premeditado”, bem dizia Gustave Lebon. Bem dizia, em termos, porque nas multidões comandadas por lideranças políticas, é premeditado desde o discurso populista até o sorriso padronizado, no rojão de cinco promessas por minuto, conforme canta Jessier Quirino.

O sorriso meio Monalisa meio Madame Preciosa da madame política experiente ilumina aquele povo que a chama de mãe. Uma mulher em fogo, afogueada com aqueles tantos e delirantes adeptos, acenando com uma hipótese de sinceridade, na marcha da passeata. Ela nem sente os pés doloridos, já chegada à idade provecta, imprensada entre dois candidatos que antes a chamavam de aventureira, para dizer o mínimo, e agora, também acometidos do Alzheimer político, sonham com seus votos acabrestados.

Afinal de contas, a multidão é guiada pelo inconsciente, é joguete nas mãos dos que sabem dirigi-las. As multidões sugestionadas pelas tais lideranças populares são carrascos de si mesmo.  A madame sabe que ali tem gente disposta mesmo a morrer por ela. Sugestionada, a multidão pode mudar seu destino, pode até mesmo fazer revolução. No caso do povo guiado pela madame, a liderança tem apenas um objetivo: ganhar muito dinheiro via os tais poderes públicos.

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