segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Fernando Melo: a decência reconhecida

A trajetória política do ex-deputado Fernando Melo foi construída na vivência democrática, desde o movimento estudantil na década de 70 até o idealismo nas lutas parlamentares Fernando Melo realmente se destaca no cenário político desta região pela lealdade aos amigos e firmeza de convicções. São esses atributos que firmam o nome de alguém na História, e não a fraqueza das acomodações e aproveitamento de circunstâncias para se chegar ao poder, de qualquer forma.

Em meio a toda uma trajetória de luta e tenacidade, o ex-deputado Fernando Melo vivenciou uma história de violência pessoal. Seus direitos de cidadão foram abruptamente desrespeitados por grupos defensores de ideias nem sempre condizentes com a democracia. Fernando teve sua propriedade rural invadida, chegando ao ponto de ir às barras dos tribunais reclamar seus direitos, num conflito onde normalmente as partes enveredam para a violência pura e simples. Fernando Melo acreditou na Justiça do seu Estado e recusou a luta aberta dos que nada têm a perder, dos que pescam em águas turvas para ver crepitar o fogo da luta de classes. Mas, Fernando não arredou o pé de seus princípios, não participou de atos violentos nem manchou seu nome honrado na luta armada dos camponeses mal liderados. Tanto que o deputado Frei Anastácio, Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a violência no campo, não cita o nome de Fernando Melo como participante de qualquer ato de violência contra os trabalhadores, mesmo os que ocuparam hostilmente suas fazendas, numa brutalidade absurda. Só esse fato, de não constar  no rol dos participantes dos conflitos, é a vitória da razão contra os desmandos, do positivo contra a anarquia, pela força da dignidade.
Essa é a constatação franca e verdadeira do valor desse cidadão itabaianense, cujo amor pela terra natal significou um aprendizado de incomum importância, tanto do ponto de vista ideológico e cultural quanto na vida pública, tornando-o um líder com irradiações além fronteira.

O nepotismo faz parte da própria cultura do serviço público, onde se inclui o poder legislativo. Nem por isso Fernando Melo empregou parentes quando no cargo de deputado estadual. Pode-se afirmar que ele apenas cumpriu seu dever, sendo honesto e zeloso com a chamada “coisa pública”. Sem perder de vista esse dado elementar, infelizmente o desempenho de um homem público em nosso país ainda se mede pelo seu desprezo ao favoritismo e à corrupção, e nessa área Fernando Melo saiu-se com dignidade. 


(Crônica publicada no Jornal Alvorada, outubro de 1998) 

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