quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Em 2010, seremos todos felizes
Papai Noel de ressaca, depois de tomar todas e ser assaltado por um bando de trombadinhas
Não quebramos em 2009, e vamos crescer em 2010, segundo previsão da economista Conceição Tavares. A profecia do fim do mundo é para 2012, portanto, ano que vem não vamos nos preocupar com isso. Se bem que acho que só escolheram o Brasil para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 porque sabiam que o mundo já não mais existirá nessas datas. Sacanagem do primeiro mundo.
Por falar em crise, as engrenagens do capitalismo selvagem e sádico apertam cada vez mais os pobres aposentados, mais de 30 mil crianças morrem por dia no mundo, como resultado de doenças causadas pela subnutrição; um bilhão de pessoas vivem abaixo do nível da miséria absoluta, e vai por aí. Não dá pra festejar o Natal sabendo que pessoas anônimas passam fome, não há pão, não há segurança nem saúde, habitação é um sonho distante, as pessoas estão embrutecidas, os jovens perdidos na alienação e nas drogas.
Enquanto isso, na terrinha, meia dúzia de políticos ficam criando factóides em seus mundinhos de podres poderes para saber se Cícero ama Cássio, se Cássio vai com Coutinho, se Coutinho entorna o caldo de Maranhão e se Ney Suassuna vai passar com seu chapeuzinho de Papai Noel e o saquinho cheio de grana para os lobos famintos.
A vantagem de ser pobre é poder receber caridade, já dizia aquele cara cínico. Nessa época, acontecem as campanhas tipo “Natal sem fome”, uma síntese da hipocrisia. A moda é responder às cartas que os moleques mandam para o “Papai Noel” do Correio. Recebi um apelo para ir ao Correio e comprar presentinho para um desses moleques. Diz que este ano estão pedindo muito material escolar. Sacanagem! Adultos escrevem essas cartas no nome da molecada. Menino nenhum pede material escolar como presente de Natal. A maioria pediria ao Papai Noel que explodisse a escola.
Sou um cara meio insensível como quase todo mundo, preguiçoso e sem grana para esses lances de caridade. Mas este ano vou ao Correio pegar uma carta e entrar no jogo do “Papai Noel” postal. Se sair pedido de material escolar, vou me dar o direito de discordar e compro uma bola, dessas vagabundas de cinco reais que estouram nos primeiros chutes. Melhor que decepcionar o moleque com um caderno ou livro didático.
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