domingo, 4 de outubro de 2009

SOCORRO COSTA, POETISA E JORNALISTA



Socorro Costa, à direita, com o historiador Sabiniano Maia (centro) e o ex-prefeito Fernando Cabral de Melo

A década de 1950 marcou o melhor período de desenvolvimento de Itabaiana. Possuidora da maior feira de gado do Estado e da “feira livre” mais concorrida e famosa da região, a Rainha do Vale do Paraíba ostentava, como acontecimento marcante, a Festa de Nossa Senhora da Conceição, sempre no período de 1 a 8 de dezembro, constando suntuosas solenidades litúrgicas e festividades profanas, sempre abrilhantadas pelas jovens da sociedade local que, divididas em dois partidos – Louras e Morenas, Rosas e Margaridas, etc – concorriam à preferência dos milhares de freqüentadores da Festa da Excelsa Padroeira, em palanque armado no pátio da Matriz.

A Banda Musical “1° de Maio”, sob a batuta de Zé da Justa e presidida pelo patriarca Daciano Alves de Lima, deleitava os circunstantes com a execução de dobras da lavra dos nossos mais famosos compositores e, sob os olhares perplexos dos apaixonados pela musica erudita, executava peças notáveis de Mozart e outros mestres da música clássica imortalizada.

Parques de diversões enchiam de alegria e emoção a meninada, com seus balanços, rodas gigantes, carrosséis, destacando-se o carrossel de Porcidônio, empurrado manualmente pelos robustos trabalhadores do ferreiro-empresário. Barracas de prendas, cachorro-quente, sorvete, pipocas, roletes e outras guloseimas completavam as atrações da festa.

De forma singular e toda especial, na festa da Padroeira, o destaque maior era o jornal “O Gafanhoto”, redigido, durante mais de uma década, pela sua fundadora Maria do Socorro Costa. O humorismo que difundia, a alegria que espalhava, a verve sadia e o entusiasmo contagiante do periódico de quatro páginas pontilhavam como ingredientes necessários e indispensáveis ao êxito da festa.

Ao lado dos conceitos de competência e bom gosto na criação de piadas de humor sadio, “O Gafanhoto” era, também, uma publicação endereçada aos jovens que faziam a sociedade itabaianense, contando, de forma engraçada, fatos da vida cotidiana, tendo como protagonistas os rapazes que se destacavam na convivência social, como Zuquinha, José e Luis Tavares, Onaldo Fonseca, Zé Batista, Luis Bodinho, Pedro Souto e outros cujos nomes seria enfadonho mencionar.

“O Gafanhoto” criou também a “Bagaceira”, local onde se armavam barracas destinadas à venda de bebidas e tira-gostos especiais, como caranguejo, camarão, caju, picado e galinha caipira. Não raro, ao apagar das luzes, o jornal citava como assíduos e cativos freqüentadores da “Bagaceira”, figuras importantes da cidade, como o Escrivão Zé Maria, seu colega Zé Bandeira, o mano Rivaldo, Nabor, Zé Bodinho e outros mais. A Bagaceira era o “remanso” da festa da Padroeira.

“O Gafanhoto” espalhava, sobretudo, a alegria que era uma forma de oração à Padroeira, apanágio da dignidade de um jornalzinho que fazia humorismo sem exprimir conceitos pejorativos contra ninguém. “O Gafanhoto” de Socorro Costa era assim: alegre e feliz como a vinda de Jesus; como na expressão do poeta: “o mundo de amanhã pertence aos que anunciam a alegria”. E Socorro Costa provou à sociedade que somente a alegria e o amor edificam a beleza do espírito.

Socorro Costa está entre as dezenas de mulheres, damas itabaianenses que, em épocas passadas e não muito remotas, serviram com inteligência e sabedoria, competência e determinação à Rainha do Vale, emprestando a sua cultura e os seus talentos aos interesses da comunidade.

Socorro Costa foi uma poetisa apaixonada, uma jornalista brilhante e vigorosa. Foi vereadora, tendo exercido, na gestão do Dr. Odon de Sá, a Tesouraria da Prefeitura.
Escritora fidalga, a ilustre confreira Socorro Costa recebe foi uma itabaianense ilustre, merecedora de nossa mais sincera homenagem.

(Arnaud Costa)

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