segunda-feira, 6 de julho de 2009

HOMENAGEM A AUGUSTO DOS ANJOS

Ele já foi decantado
Por todos os trovadores
E bons improvisadores
Do verso escrito e cantado.
Desde os vates do passado,
A arte desse poeta
Aponta como uma seta
O objetivo da vida:
O belo é a grande meta.

Mesmo falando da morte,
Esse poeta do “Eu”
Que aqui em Sapé nasceu
Tinha a natureza forte
Pois a beleza era o norte
De sua obra imortal,
Criação original
Da mente do mestre Augusto
Por isso eu digo sem susto:
Excede o bem e o mal.

O seu cantar era aberto
À criação mais poética
Porém sem respeitar ética,
Sem ser errado nem certo.
Um linguajar bem liberto
Dominava a criação
Desse gênio brasileiro
Morrendo em solo mineiro
Longe do amado torrão.

Todas as comunidades
De doutor e acadêmico
Estudaram o verso anêmico,
Fora das realidades,
Constatando essas verdades
Como coisa de doente,
Mostrando para o vivente
Que somos apenas pó
E no mundo estamos só
Com a solidão da gente.

Augusto e o inventário
Da dor e da solidão
Transformou-se num filão
Para poeta lendário,
E até um certo otário
Sem caráter e sem talento
Com a cabeça de vento
Se diz sucessor de Augusto.
Eu ouço e até levo um susto
Diante de tal intento.

Um poeta verdadeiro
Augusto dos Anjos é.
Eu comparo com Pelé:
É o único e derradeiro.
Lembrado no mundo inteiro
Já faz parte da História
Para nós é uma glória
No aspecto cultural
O poeta genial
Vive na nossa memória.

Todo encolhido nas asas
Do corvo agourando a morte,
Diz o poeta que a sorte
É nuvem em cima das casas,
É lama nas covas rasas
Lá no Engenho Pau D’Arco
Onde se deu bem o marco
Do nascimento do artista
Que colocou bem à vista
Da alma humana o charco.

84 era o ano
E o século dezenove.
Lentamente já se move
Esse poeta troiano
De cuja obra eu me ufano
Sem medo da podridão
Arrastando o coração
Do homem com seu escarro
Pois somos feitos de barro
E o destino é o caixão.

No dia 20 de abril
Comemoro o nascimento
Desse homem de talento
Que aqui em Sapé surgiu
Pois o mundo nunca viu
Tanta arte e irreverência
Com a clara consciência
Da nua realidade:
A tragédia e a maldade
De nossa humana vivência.

No mais, tudo é teoria,
Só lendo os versos do “EU”
Pra sentir como sofreu
Augusto em sua agonia
Descrevendo a anarquia
Que é a natureza humana
Com a crença soberana
De uma obra singular.
Augusto foi e será
O maior nessa porfia.

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