sexta-feira, 18 de julho de 2014

Efigênio Moura escreve romance caririzeiro com espinho de juá na fruta do cardeiro


Quem fez vestibular na Universidade Estadual da Paraíba conhece o romance “Ciço de Luzia”, obra do meu estimado compadre Efigênio Moura, um cabra caririzeiro, nascido em Monteiro, vizinho ao meu Pernambuco. O livro fez parte do vestibular. Radialista e publicitário de formação, Efigênio trabalhou em Itabaiana por um bom tempo, emprestado seu talento à comunicação da terra de Aracílio Araújo, “a máquina de fazer forró”.

Ontem, comprei meu exemplar e li de uma assentada só. É uma estória de amor sertanejo, de um cabra que gosta da filha do patrão fazendeiro, tudo narrado no linguajar “sertanês”. É o segundo livro de Efigênio que eu leio. Antes, gostei do “Eita gota”, excelente roteiro para um filme, coisa fina em matéria de criatividade a partir do linguajar e da cultura paraibana. No livro, o carro alternativo passa por 13 cidades, a partir do litoral até os confins dos sertões da Paraíba, carregado de humor e sabor regional.

O caso é que temos sinal de tambor na floresta de nossa literatura, anunciando um valor inconteste de narrador e ficcionista. É um profeta das letras, atendendo ao apelo: “não me deixeis cair na mediocridade geral”. Regionalismo rimando com qualidade literária e invencionice de primeira linha, aliás, da primeira à última linha de texto. No mapa imaginário que Efigênio carrega no bolso de sua literatura, o sertão paraibano dá caldo para enredos tão românticos e profundos em sua humanidade quanto os que se vê na literatura urbana e seus arrotos de superioridade vazia, ou mais.

Só tenho uma coisa a escrever após terminar de ler o “Ciço de Luzia”: que livro fela da gaita!

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Aqui, uma pausa para lamentação: morreu João Ubaldo Ribeiro, baiano que escrevia como um fela da gaita. Li dele “Sargento Getúlio, “Viva o povo brasileiro”, “O sorriso do lagarto”, “A casa do Buda ditoso” e “O conselheiro come”. Povo brasileiro e sua literatura estão de luto.



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