Assim começa o livro “Compromisso com a verdade – meio século de jornalismo”, de Oduvaldo Batista e Roselis Batista Ralle, sua filha. Na crônica, a filha de Oduvaldo narra as agruras do seu pai como jornalista em São Paulo, na redação dos Diários Associados do fascista Assis Chateaubriand, tendo que conviver com o Departamento de Ordem Política e Social, o famigerado Dops, os “dedos-duros” e as idiossincrasias da ditadura.
Como chefe de redação, Oduvaldo precisava ter muito cuidado com o que seria publicado no jornal para não causar prisões e torturas entre colegas. Oduvaldo sofria mais do que todos porque era simpatizante dos comunistas, decente, altamente humano e criterioso. Mas precisava trabalhar. E fazia com dignidade, no limite do possível, já que jornalismo como tal não podia ser praticado no Brasil daqueles tempos mais que sombrios. Pelo menos é o que consta no livro da filha de Oduvaldo.
Atualmente, com profissionais devidamente diplomados nas redações, os jornalistas, para garantir algum jabá ou privilégio, fazem o jogo sujo dos donos das empresas, concordam em usar a coleira e alugar suas mentes para interesses políticos e comerciais altamente suspeitos. Tem jornalista que recebe por fora e por dentro, segundo comentou amigo meu que trabalha em um desses jornais da Paraíba. Os que ainda têm caráter tentam fazer um meio termo retraído, para salvar alguma aparência. A maioria mente, faz alarde de pesquisa fajuta, espalha boatos de má fé, criminaliza e sataniza a figura do oponente, enfim, segue as regras medíocres da politicalha. Poucos, pelo menos uns que conheço, ainda tentam levantar o debate do que realmente interessa ao povo, que são as propostas de gestão governamental.
Faltando apenas duas semanas para a eleição do segundo turno, ninguém sabe o que querem Maranhão e Ricardo para a Paraíba. Um pouco porque os próprios políticos não têm interesse nessa discussão, achando melhor basear suas campanhas em denúncias contra o adversário. Por falta desses esclarecimentos, estão aí os vultosos números da abstenção e do voto nulo. E no jornalismo, a boçalidade toma conta. Não existem debates sérios.
Guilherme Sobota é estudante do 3º período de Comunicação na Universidade Federal do Paraná. Escreveu no seu blog: “A Folha atingiu todos os limites éticos e morais da profissão. Jogou no lixo sua história de pluralidade (como há tempos vinha fazendo). Assassinou, de dentro para fora, o jornalismo brasileiro. Tudo isso em nome do quê? Ódio? Vontade de controlar o país? O quê?”. No nosso caso, os jornais locais têm interesses conhecidos, objetivos claros. Não somos melhores nem piores do que ninguém, pelo menos isso temos o dever de constatar. A imprensa praticada no Brasil é tão ordinária quanto a política.
Com essa pauta e esse desempenho, o jornalismo paraibano poderá ser lembrado daqui a 40 anos em crônica que começaria assim: “Coxeava o ano de 2010...”
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