quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Amadorismo teatral na Paraíba




Paulinha e Neneu Batista em cena, no Coletivo Dramático de Mari

Soube que o ator e encenador Fernando Teixeira menosprezou a idéia de se reciclar a Federação Paraibana de Teatro Amador, sob o argumento de que teatro amador praticamente não existe mais, já que todo mundo que quer realizar uma apresentação paga deve ter a carteira do sindicato da categoria, e, portanto, é profissional. O espaço para teatrista amador ficou restrito às escolas e igrejas.

O argumento é discutível. Muita gente garante que, na Paraíba, só uns três ou quatro de meia dúzia vivem de teatro. O resto é amador, porque se ganha, é um cachê na vida outro na morte. Quem não vive da atividade não é, portanto, profissional.

A Federação teria muito espaço de atuação no interior, onde os artistas enfrentam as dificuldades inerentes ao fazer teatral, como falta de espaço, de técnica, de apoio em geral, e a entidade pode ajudar muito no desenvolvimento desse teatro incipiente que existe de fato nas cidades paraibanas.

O Grupo Massangana de Teatro Popular tem 36 anos de existência e ainda está atuante. O Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana comemorou também 33 anos, com novas montagens. O Coletivo Dramático de Mari (Codrama) espera apenas um empurrãozinho para voltar a atuar com o brilho do passado. E tantos outros pela Paraíba afora. O que falta é visibilidade. Organização para que a arte dos companheiros interioranos possa ser vista. Cadê os festivais de teatro amador? A Federação fazia isso, e hoje não existe mais.

Falta incentivo também para os dramaturgos. Tínhamos um banco de textos, criado por Marcos Veloso na Federação, levado pelo turbilhão da desorganização geral do movimento. Há muito tempo o Governo não realiza concurso de dramaturgia para incentivar novos talentos. O projeto de interiorização da cultura ficou no papel.

Acho que sim, que tem espaço para o teatro amador, e a Federação faz falta.

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