quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Seu Ciço no mundo louco e depravado da politicagem

Seu Ciço é o candidato de todas as tribos 

Seu Ciço é meu candidato a deputado estadual. É um Dom Quixote, armado com seu fuzil de vento contra os tumores putrefatos do sistema eleitoral. Ciço é um rapaz bastante expressivo, com suas barbas longas, seu perfil de maluco sonhador, adulterador das manhas e malevolências do seu espaço e do seu tempo. Vive como pensa, seja como ambientalista, seja como cidadão. Não usa automóvel, não consome carnes, veste-se de estopas ou algodão bruto do seu sertão, usa um chapéu de couro e um aparelho de som, tocando forró “pé de serra” por onde anda.
Seu Ciço mandou essa narração do seu diário de campanha, mostrando que o tumor maligno da corrupção eleitoral atinge a juventude com sua metástase infame:
“Alguns dias atrás, recebi e aceitei com prazer um pedido de amizade no facebook. Um novo amigo virtual, jovem com 17 anos, do alto sertão. Agradeceu por adicioná-lo, compartilhou minhas postagens da campanha, e ainda disse: "Seu Ciço o senhor é 10, meu voto é seu e o boi num lambe". Cá comigo pensei, que amigão! Vai ser uma força nas redes sociais.
No dia seguinte, recebi uma mensagem privada do meu mais novo amigo, dizendo assim: 'Seu Ciço, meu deputado quente, o senhor pode "mim" ajudar?' O sexto sentido cochichou-me: 'Te liga caba véi, essa é a senha para a facada virtual'. Um tanto bandeiroso, tasquei-lhe o clichê: 'Depende, se estiver ao meu alcance, pode contar comigo até para apagar fogo no pingo do meio dia no sertão'. 'Não. Seu Ciço, né nada de pedido de dinheiro não, é que eu vou a um piquenique e queria que o senhor "mim" ajudasse com "quatro fardos" de refrigerante, aí a turma toda vota no senhor'. Ah, bom, não sabia que existia refrigerante em fardos. No meu tempo, fardos eram de algodão ou carne de charque. Mas, me diga uma coisa, aí onde o amigo mora se adquire fardos de refrigerante com algo diferente de dinheiro? Sacando o estilo Seu Lunga em minha pergunta, o esperto jovem aprendiz de eleitor inocentemente desonesto de primeiro voto, saiu-se com essa pérola, que também não ouvira antes: 'Quer dizer que não pode dar 100 reais na eleição pra ajudar numa festinha, mais pode roubar quando chegar na Assembleia né? Sabe de uma coisa Seu Ciço? O senhor é Zero'. 
Pra encurtar a conversa, disse-lhe que nas duas situações se estaria cometendo crimes. Disse-lhe ainda que em outro momento eu até poderia ajudá-lo, naturalmente sem esse escambo escroto de coca-cola por voto que certamente ele conseguirá na grande feira livre da corrupção eleitoral que é a eleição em nosso Estado. Perdi um amigo e em minha solidão concluo, resignado, que eleitores desonestos querem políticos honestos. Fui dormir sonhando com uma nova geração de eleitores mais éticos.”

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