segunda-feira, 5 de maio de 2014

Hoje é uma pseudo segunda-feira.


Segunda-feira é dia de ressaca, trabalho e lembranças dos prazeres do fim de semana. Segunda-feira é dia neutro para quem não tem emprego, não bebe e não tem vida social. Daí passo meu olhar nulo sobre as páginas em branco de um dia sem textura. Mas, assim mesmo, tem demandas.

Por uma segunda-feira consistente, que dê notícias dos bons orgasmos juvenis, que dê vazão às antigas energias compulsivas. Uma segunda com gosto e um quê singular das disposições renovadas, sem ser isso monótono, frio e sem cheiro. Por uma segunda com sutis reentrâncias que possam ser vislumbradas por um ex-competente bom vivant.

Nesta segunda-feira errada, algo me diz, contudo, que não devo desperdiçar esses espaços pequeno-burgueses do ciclo lunar. Tenho, ou gostaria de ter metas a alcançar se fosse um sujeito organizado e metódico. Daqui para sexta-feira vou tentar consolidar um projeto de comunicação, lembrando que hoje é o Dia Nacional das Comunicações.

A verdade é que ainda padeço, embora me gabe de não padecer, da síndrome da segunda-feira, que é aquela imbecilidade de você achar que tudo recomeça. Problema é enfrentar o medo de abrir a porta e não ter segunda-feira nenhuma, e ver desolado esses restos de domingo que sobreviveram, todas aquelas baboseiras desconexas que a gente lê nos livros de poesia ruim com gosto de aguardente ordinária na boca ou qualquer remédio químico para o juízo meio demente dos não crentes que jamais fecham suas semanas.

Para começar a semana, vai este poema de Marcos Tavares:

“Acordo nas manhãs de segunda junto com memórias,
imagens de um passado que se juntam a mim,
personagens de espelhos que ousei inventar,
amores amanhecidos, palavras que jurei esquecer...”





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