sábado, 29 de junho de 2013

POEMA DO DOMINGO




 
PALAVRA NOVA

Poeta pega da pena
Para escrever virgem fala
Retira de sua mala
Dois brotos de açucena
Com uma saudade horrorosa
Multiplicada a milhão
De tempos claros de então
Quando cultivava rosa
Pensando que era cravo
Ou gerânio, mal-me-quer,
Qualquer florzinha mimosa
Que não carecia nome
Nem linguagem espetáculo
Queria apurar o puro
Sabor da palavra nova
Sem licença nem registro
No oficial vernáculo.

Legitimando o ingresso
Dessa palavra poema
Imune a provais orais,
Fala inclusiva, blasfema,
Encaixada nos varais
Da poesia processo
Dos poemas carnavais
Em acelerado processo
De sons adverbiais
Resplandecendo altaneira
Nas normas regimentais
Como revolto verbete
Com seus signos virginais
Afrouxando o torniquete
Dos verbos racionais. 

F. Mozart

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