sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Leão velho de guerra se submete a exame alternativo bioenergético


Este felino de meia idade sofre de artrose, artrite, mal estar, dor no estômago, bucho inchado, pontada no pulmão, ovo goro, sangue grosso, desarranjo nas tripas, ânsia de vômito e tosse seca. Ainda bem que garantiram que não tenho nada, é psicossomático, estou apenas “somatizando”.


Tem comida que não experimento de jeito nenhum, e isso é uma regra. Berinjela, beterraba, brócolis, lentilhas e outras verduragens não entram no meu cardápio. Pois vou ter que me adaptar a uma nova ordem alimentar, se quiser seguir o tratamento que a freira indicou para combater meus males que ela diz ter origem emocional. Nada de carne, nem ver massas, passar a tomar chá de cana do brejo, vassoura de botão, cidreira e mulungu. Botar compressa de barro nas articulações artritosas, fazer um tal de Reiki duas vezes por semana e participar de experiências somáticas e uma tal de constelação familiar, além de beber saião roxo e tomar florais especiais.
Abro aquela exceção tão comum em todas as regras: vou para a sessão de reflexologia, mas não como carne de soja. Se não tiver peixe, a única “mistura” que posso comer, vou de banana com aveia e suco de laranja sem açúcar.
O exame foi estranho. Pouco usual. Fiquei cabreiro. A freira pegou na mão de uma assistente e, com uma varinha de ferro, foi cutucando meus órgãos vitais para sondar a energia vinda do meu corpo. Chegou no umbigo, deu uma cutucada, mas quando desceu, apontou o ferrinho para as coxas, “esquecendo” os genitais. Notei uma certa relutância da irmã nessa área, mas deve ser da técnica mesmo, quem sou eu pra duvidar da capacidade da freira holística!
No “consultório” das freiras, muita gente para as massagens e consultas. Tinha até um velho italiano levemente alquebrado, tentando soerguer-se com a terapia das freiras africanas, comandantes da ONG naturalista e holística que funciona no bairro do Alto do Mateus, na rua onde morava a menina morta pelo vizinho.
A irmã especialista só deu uma quebradazinha – afinal, falo de um ser humano – quando desviou seu ferrinho da “zona do agrião”. Mas notei muita fé por parte das pessoas. Sabe aquela atmosfera de acolhimento? Tem uma energia boa naquele ambiente. Vou recomendar aos compadres e comadres intoxicados e estressados. 
A freira mandou fugir de pessoas problemáticas, pessimistas, resmungonas. Esse povo consome nossa energia, mina nossas relações. Ela aconselhou a conviver com quem agrega valores. Como poderei fugir de mim mesmo?
 

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